quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Crítica: ZATOICHI

Publicado originalmente no site A ARCA no dia 09/12/2004

Eu sempre tive queda por personagens cegos, então...

Por Emílio "Elfo" Baraçal

Confesso que eu nem sabia o que esperar deste filme, já que nunca assisti nada que seu diretor, Takeshi Kitano havia feito antes. Porém, procurei saber quem era Kitano, li uma entrevista e vi um ou outro artigo. Tratado como como a "ovelha negra" do cinema japonês, talvez ele acabe merecendo ainda mais esse título depois deste filme. O tema Japão feudal sempre me interessou e fui com uma dose de curiosidade. No começo, o filme já me deixou com a pulga atrás da orelha: a cópia estava legendada em inglês.

Zatoichi conta a história do personagem do mesmo nome, interpretado também por Kitano (que, ainda por cima, é responsável pelo roteiro), um nômade cego que vive como massagista. Entretanto, Zatoichi esconde, debaixo de sua cegueira, uma habilidade sobrehumana com a espada (que usa disfarçada de bengala). Em suas andanças, acaba indo parar numa vila dominada por gangues, onde o líder Ginzo (Ittoku Kishibe), passa por cima de qualquer um que pense em se rebelar. A situação se torna ainda mais crítica depois que ele consegue contratar o hábil e mortal ronin (samurai sem mestre) chamado Hattori Genosuke (Tadanobu Asano, ótimo no papel). Em uma noite de jogatina, Zatoichi acaba cruzando seu caminho com duas gueixas que buscam vingança pelo assassinato de sua família e acaba também interferindo nos negócios da gangue. A partir daí, as coisas vão se complicando cada vez mais e sangue espirra para todos os lados.

Por falar em sangue, quando eu escrevi acima que talvez Kitano seja tachado ainda mais de ovelha negra do cinema japonês, não seria pelos mesmos motivos que antes (valorização de outros costumes, crítica à ocidentalização total do Japão e outras coisas), mas pelo fato de um cineasta renomado como ele, influenciado pelas "escolas antigas" (como Akira Kurosawa, por exemplo), que usam técnicas mais tradicionais de filmagem, usar CG nas cenas de luta. Não, você não verá lutas ao estilo Matrix, Homem-Aranha e outros blockbusters americanos. O CG é usado apenas como auxílio das cenas, para causar um ou outro impacto desejado e não sobre a cena inteira. Aliás, as lutas são feitas à moda antiga, com fios, coreografia e tudo mais; sendo o CG um simples temperinho. Porém, ás vezes se torna perceptível demais, mas não a ponto de comprometer uma cena ou mesmo o filme inteiro.

Já sobre o clima do filme, eu penso nele como duas metades. Na primeira metade, você vai sendo apresentado aos personagens aos poucos, tentando imaginar como seus caminhos se cruzariam, o que um significaria para o outro e isso demora a acontecer de modo que você chega a pensar que pode não estar entendendo muita coisa ou que o filme não faça muito sentido. Porém, a partir da metade final, a coisa toda muda de figura. As coisas vão se encaixando com uma precisão incrível e o filme vai ficando cada vez mais delicioso de assistir. Além disso, os personagens do filme são extremamente simpáticos, principalmente Shinkichi (Gadarukanaru Taka, outro que dá um show de interpretação), um vagabundo viciado em jogo que acaba ajudando Zatoichi. É ele que protagoniza as cenas cômicas do filme, que são bem dosadas e muito engraçadas (principalmente a cena do "treino" de kenjutsu, muito hilária!). E cenas engraçadas não são nenhuma surpresa, já que Kitano começou sua carreira cênica como humorista. Ah, além disso, a cena de dança no final é simplesmente de cair o queixo, muito bem coreografada e belíssima de assistir.

Só um detalhe da história que eu me senti meio incomodado, talvez pelo fato de eu achar que, se fosse melhor desenvolvido, poderia resultar numa história ainda mais dramática: o tal ronin Hatttori é casado e não está conseguindo sustentar sua esposa, estando ambos à beira da falência total. Você até sente o desespero e o sofrimento dela, mas não o suficiente para se importar como deveria, pois as cenas com ela são muito poucas. Quando Hattori consegue o "emprego" na gangue de Ginzo, dá a impressão que as coisas podem melhorar quando na verdade só estão piorando, pois ela não quer ver o marido envolvido com a lei ou pior, morto. Porém, como eu citei, poderia ser melhor desenvolvido.

No final das contas, Zatoichi possui duas facetas. A primeira, que é apenas diversão pura e simples (as coreografias de luta são geniais e muito realistas, apesar do CG e; os personagens simpáticos e envolventes) e a outra é até uma leve (na verdade, quase imperceptível) crítica aos costumes ocidentalizados no Japão. O povo da vila seria o povo japonês e a gangue, os costumes ocidentais impondo sua força, sua vontade, coisa que Kitano até é favorável, mas só até certo ponto como já declarou antes pois, para ele, se algo é ruim, tem que ser mudado mesmo, mas se há coisas boas, para quê mudá-las? Desse modo, Kitano acha que o Japão acaba mesmo perdendo sua identidade cada vez mais. Se você gosta desta polêmica, há filmes que tratam isso melhor, agora se você gosta de puro entretenimento, apenas assista e se divirta.

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Comentários Atuais:
Minha opinião sobre o filme continua a mesma. Assisti a ele novamente umas semanas atrás e o resultado final me pareceu ainda mais atraente e simpático.

Depois de Zatoichi, procurei assistir a outras obras de Kitano e ele se tornou um dos meus cineastas orientais preferidos. Ainda assim, eu o vejo como alguém cujos trabalhos variam muito em desenvolvimento, de maneira que alguns deles realmente não são para o grande público por ter características que falem mais ao povo oriental ou para quem manja de cultura oriental, que absorverá melhor os detalhes, sutilezas e nuances.

Então, o que provavelmente eu mudaria nesse texto, depois de quase seis anos de sua publicação original é alguma coisa na sintaxe de uma ou outra frase e também usaria menos parêntesis.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Meu Filme É... O ÚLTIMO SAMURAI

Nathan Algren tentando achar seu caminho.

Publicado originalmente no site A ARCA no dia 24/08/2005

Redenção. Simplesmente isso.

Por Emílio "Elfo" Baraçal

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Meu, a tarefa de falar de um filme que tenha me emocionado bastante é difícil. Na lista de filmes-que-me-fizeram-chorar, pode colocar aí Patch Adams - O Amor é Contagioso, Tarzan (sim, o da Disney), Alta Frequência (por incrível que pareça, sim, afinal, é um ótimo filme para homens, ainda mais se você tem problemas graves de relacionamento com seu pai), Homem-Aranha (mas até aí, pelo coração nerd, então conta?), O Clube dos Cinco, entre outros. Mas lembrei de um filme que não chegou a me fazer chorar, mas me fez entender muita coisa que talvez (ou não) eu já soubesse, mas minha cabeça e meu coração não sabiam como colocar em ordem. Eu falo de O Último Samurai. Resolvi então escrever sobre este longa de Tom Cruise, que me marcou bastante.

Nathan Algren (Cruise) é um soldado veterano de guerra americano que combatia os apaches. Porém, devido a essa guerra, ele acabou perdendo o rumo de sua vida, passando a levar cada dia quase que totalmente alcoolizado. Porém, por sua experiência, é contratado por americanos que estão reunindo mercenários que vão treinar o exército imperial japonês. O Imperador Meiji é um homem que tem a idéia fixa de colocar seu país no mundo moderno, e que enfrenta uma rebelião de samurais.

Algren entra na história com uma dose de cinismo absurda. Os samurais lhe são descritos como selvagens e abomináveis, e ele logo percebe que os conselheiros americanos do imperador fizeram um péssimo serviço no trabalho de treinamento de tropas. Com um exército em más condições, ele parte para enfrentar os samurais, liderados por Katsumoto (Ken Watanabe, que concorreu ao Oscar de Ator Coadjuvante por este papel).

Durante o combate, Algren é feito prisioneiro. Katsumoto o quer vivo para poder conhecer o inimigo. Isola-o em uma pequena vila rural e tenta extrair dele seus conhecimentos. O soldado, a princípio, se mostra esquivo e relutante, mas depois de um chuvoso inverno, ele e o líder samurai começam a ter diálogos filosóficos sobre a ética da guerra e dos guerreiros. E é a partir daí que Algren tentará, a todo custo, arranjar novos valores, ética e moral para sua vida, melhorando como ser humano.

Sim, "O Último Samurai" me marcou muito. Em primeiro lugar, por causa do personagem de Cruise. Nathan Algren é um homem amargurado devido aos erros de seu passado, que não vê esperanças de que a coisa toda mude, indo cada vez mais para o fundo do poço. Eu cometi, como qualquer pessoa, vários erros durante a minha vida. E ainda hoje, apesar dos anos, eles ainda estão aí para me lembrar de que tenho que a cada dia ser uma pessoa melhor. Os meus maiores erros ainda ecoam na minha vida e tenho batalhado de forma incansável para não só extirpá-los, mas para também não os cometê-los de novo, assim como para não cometer erros novos de igual magnitude. Eu machuquei pessoas fisica e emocionalmente. Fiz coisas que atrapalharam a vida de outras e errei feio com as pessoas que mais amo. Dessa forma, me identifiquei muito com Algren.

Em segundo lugar, a maioria dos blockbusters faz apologia ao "the american way of life" - ou seja, "o estilo de vida americano" - sendo carregados de patriotismo e mensagens subliminares, além de terem a mania de fazer outros povos e culturas se sentirem inferiorizados. Apesar do herói principal ser americano, não é o que acontece em "O Último Samurai". O grande vilão é o governo americano, que tenta cada vez mais firmar acordos e mais acordos com o governo japonês, com um só objetivo: o lucro. A convenção de que a cultura americana é sempre superior à cultura com a qual se mistura é inteiramente quebrada no filme. O último samurai não é Algren, que acaba adotando o estilo de vida japonês e sim Katsumoto, em que sua última ação no filme vai servir de exemplo para o imperador fazer aquilo que é certo. Os americanos se ferram no final e ponto. Por fora, Algren é americano, mas por dentro ele não só é japonês, como também se tornou um samurai. E a maior prova disso acontece em uma determinada sequência. Logo que Algren é capturado, Katsumoto recolhe suas coisas, entre livros, anotações, e outras traquitanas. Porém, em determinado momento, Katsumoto devolve os pertences a Algren e diz: "Quando peguei isto, você era meu inimigo". E sai andando. Resumindo, os dois se tornaram amigos e irmãos. E levando em consideração que é um samurai e ainda por cima, naquela época, Algren tinha conseguido um feito que apenas poucos conseguem: um japonês confiar em um gaijin - a palavra japonesa para "estrangeiro".

Dessa forma, é mostrado como nunca podemos perder a esperança de conseguirmos aquilo que queremos, por mais que pareça impossível. E o filme mostrou isso sem ser piegas ou clichê demais. O filme mostra, como podemos mudar, nos tornando melhores pessoas a cada dia.

Além disso, a película mostra de forma bela e simples como uma outra cultura que, para nós, pode ser aparentemente estranha, pode ter significados verdadeiramente belos. Eu, pelo fato de ter praticado artes marciais durante anos, fiquei deliciosamente atraído por certos aspectos que provavelmente, nem todas as pessoas puderam enxergar. A princípio, os japoneses parecem frios e distantes mas por trás disso tudo, esconde-se um emaranhado de emoções, intenções e significados.

Vida e morte de Katsumoto dão novo significado de vida a Algren.
O japonês não costuma conversar muito, pois são um povo que é extremamente ligado ao significado dos atos e não as palavras. De que adianta alguém dizer uma coisa e fazer outra? Dessa forma, um simples gesto mostra toda a sua intenção perante outra pessoa. Um exemplo é quando um samurai vai se encontrar com um daimyo (senhor feudal japonês) em sua residência. O samurai demonstrará, sem dizer uma palavra, como enxerga aquele daimyo e apenas usando sua katana (espada japonesa). Se ele entra na casa, tira a espada de sua cintura e a deixa em um suporte na sala onde conversarão, isso demonstra que o samurai confia completamente no daimyo. E isso porque a espada era o objeto mais precioso do samurai. Era com a espada que ele ganhava a vida, sobrevivia, colocava ordem e justiça na sociedade. Agora, se ele entra na casa, tira a espada e a coloca no chão, no seu lado esquerdo (ou nem tira da cintura), mostra que o samurai não confia no daimyo, pois nessa posição, o saque da espada pode ser feito de forma extremamente rápida. Porém, se o samurai coloca a espada no chão do seu lado direito, mostra que o samurai confia no daimyo, porém estará preparado para qualquer coisa que ameace sua vida e a do daimyo, pois nessa posição a espada pode ser sacada, mas com mais lerdeza. São essas pequenas coisas, detalhezinhos da etiqueta japonesa que já demonstra tudo o que a outra pessoa precisa saber sobre você e vice-versa.

Outro exemplo é uma cena que meu pai não entendeu, na qual Katsumoto e Algren vão conversar pela primeira vez. Algren questiona a presença dele para conversar com seu inimigo. Katsumoto diz: "Quero conhecer meu inimigo". Algren não entende muito bem o modo de pensar de Katsumoto, que tenta através de um rápido diálogo, conhecer seu captor. Mas Katsumoto responde a parte de "conhecer o inimigo" assim: "Nossos costumes parecem estranhos para vocês, assim como os de vocês para nós. Por exemplo, não se apresentar é extremamente rude, mesmo entre inimigos". Para o meu pai, como um bom ocidental, se é inimigo, não tem conversa, desce a porrada. O cara tá te prendendo? Mata ele e foge. Simples. Porém, como um samurai não deve temer nada (e como já expliquei, nem a morte), não há porque se esconder de seus inimigos. Inicialmente, meu pai achou aquilo muito estranho e custava entrar na cabeça dele o significado daquilo. Eu só disse uma palavra a ele: "pense". Depois de um tempo, ele entendeu.

Somos inimigos? Por quê? Por que seus objetivos vão contra os meus? Há um meio de contornar isso? Será que se um se colocar no lugar do outro, há como chegar a um entendimento? Se não houver, tudo será resolvido em combate. Se é pra ser resolvido dessa forma, por que não simplesmente matá-lo aqui e agora para me poupar de problemas? Fica tudo mais fácil pra mim. Dane-se você. Errado. Todos têm o direito de defesa e de perseguir seus sonhos e objetivos. É covarde e injusto pegar uma espada e decapitar um homem desarmado. É uma pessoa destruindo não só a vida de alguém, mas tudo aquilo que ele poderá fazer de bom até o fim de sua vida. Além do mais, se é homem de família, há inocentes que dependem de seu inimigo. A única forma de resolverem isto é no combate justo. Condições iguais nas quais você poderá defender seu ponto de vista e seu inimigo, o dele. Aí está um exemplo de compaixão japonesa. Um samurai nunca vai lidar com alguém com ideias traidoras ou vai fingir ser seu amigo a vida inteira, pra quando chegar um certo momento, mostrar quem ele realmente é. Um samurai é o que ele mostra e ponto. A cena do "Quero conhecer meu inimigo" é uma dentre muitas que estão lá para serem refletidas, pensadas, interpretadas. E no filme, pra quem conhece cultura japonesa, dá pra notar isso aos montes. Mesmo assim, o modo de vida, a filosofia e os costumes japoneses são explicados de forma sutil, sem precisar cair no óbvio. E claro, graças a Deus, meu pai entendeu. :P

Devido ao amor pela cultura japonesa, ao carinho pelas artes marciais, ao apreço pela filosofia oriental e, principalmente, pelo personagem em busca de redenção é que esse filme me faz ter uma estima enorme por ele e reforça minha persistência em me tornar a cada dia alguém mais digno, honesto, simples, sincero e determinado, onde luto pelo que tenho direito, faço aquilo que tenho por dever e ajudo aqueles que são mais necessitados. Resumindo, o longa é uma aula de humanidade.

Já se formos falar da parte técnica, até nisso o filme é quase impecável.

A música é soberbamente orquestrada e composta por Hans Zimmer, que consegue captar de forma sutil e competente toda a atmosfera da época. E olha que, pra mim, a trilha sonora é um aspecto importantíssimo de um filme, praticamente sendo essencial para criar o clima de uma produção. A direção de Edward Zwick é segura, conseguindo extrair de cada cena e de cada um no elenco, o espírito certo para esse tipo de filme. O figurino é perfeito, não há o que reclamar. E o legal é que apesar de ser um filme blockbuster, "O Último Samurai" não cai no erro de ser uma produção que tem apenas cenas de ação ou algo do gênero para entreter o público. Os personagens são tridimensionais, você cria carinho por eles. O aspecto psicológico de cada um é muito bem trabalhado, além de conseguir retratar uma difícil época de mudanças na sociedade e costumes japoneses. Dessa forma, o drama, o romance e as complicações são o foco principal, onde a ação é só mais uma ferramenta para que o longa seja apresentado de forma soberba.

"O Último Samurai", um filme belíssimo que me pegou lá no fundo do meu coração por tudo isso e mais um pouco. E esse mais um pouco é sempre difícil de explicar quando algo do gênero acerta em cheio seus sentimentos. Meu pecados e demônios interiores ainda estão vivos dentro de mim. Mas não vou cansar enquanto não derrotá-los e enquanto não encontrar um meio de lidar com o perdão de meus erros e finalmente conseguir minha redenção. É isso que tenho feito da minha vida em grande parte do tempo. E você? O que tem feito da sua?

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Comentários Atuais:
"Meu filme é..." foi uma proposta bem bacana d´A ARCA em reunir o hobby com o pessoal. Na época, eu queria falar de O Clube dos Cinco ou Um Sonho de Liberdade. Lá em cima, tem a lista dos filmes de cada um que já havia sido publicados no site, cada um entrando em uma semana. O do Thiago "El Cid" Cardim já era Um Sonho de Liberdade. Então o natural seria fazer sobre o O Clube dos Cinco. Porém, o Bruno "Benício" Fernandes havia dito que faria sobre esse filme - que não está na lista porque entraria na semana seguinte, depois desse meu artigo. Então, sobre o que escreveria agora?

Se pegar a minha lista de 10 filmes preferidos aí na barra da esquerda do blog, a lógica seria falar sobre um deles. Mas naquele momento, para o feeling que a ideia pedia, eu não me sentia necessariamente conectado a nenhum deles e eu vivia um momento conturbado devido a algumas coisas que aconteciam comigo. Resolvi então que usaria um filme mais recente para falar sobre como havia me atingido. E seria legal porque como filme recente, com certeza ainda estaria na memória das pessoas, facilitando a ligação entre redator e leitor.

Agora, se eu mudaria algo no texto? Passados esses anos, tenho orgulho de dizer que não. Relendo-o, ainda o vejo redondinho, perfeito. Além da conotação mais pessoal, esse é mais um dos motivos por escolhido essa matéria para a inauguração do portfólio.