segunda-feira, 7 de outubro de 2013

CRÍTICA: O HOMEM DE AÇO

Sim, com spoilers. Com praticamente um mês de exibição, só eu não tinha visto esse filme, acredito. Então acredito também que quem colocar os olhos neste texto será o de pessoas que já o assistiram. 



:: OK, ELE PRECISA VOLTAR
Após o compreensível (embora eu goste do filme) fracasso de Superman - O Retorno (2006), não parecia que a Warner/DC Comics teria que fazer um filme do primeiro, maior e mais famoso dos super-heróis tão cedo. Entretanto, dois fatores mudaram a ideia dos engravatados e ambos envolvem a única coisa que escutam: dinheiro. Primeiro, ações na justiça envolvendo as famílias dos falecidos criadores, Jerry Siegel e Joe Shuster. A corte americana obrigou a Warner a fazer um novo filme do personagem em um processo complicadíssimo de explicar, mas de que alguma forma irá beneficiar todos os lados. Segundo, a concorrente Marvel Comics, com a sua divisão de filmes, sugando todos os bilhões possíveis que o cinema possa gerar, não deixando qualquer migalha para outros estúdios. Filmes tem um poder de alcance muito maior do que os quadrinhos e com certeza ajuda a impactar no inconsciente coletivo das pessoas. Com a Marvel ficando cada vez mais conhecida, ela está pela primeira vez ameaçando tomar o lugar da DC como editora que possui os personagens mais conhecidos. 

Todavia, a Warner/DC não iria simplesmente se embrenhar nesse meio sem ao menos ter alguma preparação, alguma ideia de onde ir, não tornar o personagem uma franquia para gerar o máximo que puder. Com apenas a trilogia Batman de Christopher Nolan como sucesso e encerrada, o Universo DC precisaria começar sua versão cinematográfica de alguma forma. A ideia inicial era começar por Lanterna Verde (2011), mas ao ter pessoas erradas em seu desenvolvimento/comando, acabou criando uma das obras os fãs mais tem vergonha de lembrar.  

(embora eu confesse que tenha gostado de uma coisa ou outra, mas o filme realmente deixa a desejar)

Dessa maneira, todo o peso do universo cinematográfico da DC caiu em cima, de forma praticamente profética e ao mesmo tempo irônica, nos ombros daquele que é seu maior e mais significativo representante. 

Para levar a empreitada adiante, a Warner apostou as fichas em Zack Snyder, diretor de produções como surpreendente Madrugada dos Mortos (2004), do consistente 300 (2006), do insosso Sucker Punch (2011) e do discutível Watchmen (2009), sendo que esta última parece ter sido a película que levou os endinheirados de Los Angeles a considerar seu nome. Como um bom diretor de ação, a ideia era que fosse colocada a ação que fãs há décadas esperam em um filme do kryptoniano. 

Em Superman - O Retorno, o personagem praticamente não teve o que socar. E os "defeitos especiais" de Superman III (1983) e Superman IV - Em Busca da Paz (1987) não permitiram ações empolgantes (para dizer o mínimo) com os respectivos vilões. Apenas Superman II (1980) é que não só possuía um grande confronto entre superseres, mas também foi o primeiro do gênero nos cinemas. 

E o avanço dos efeitos entre 1980 e 2013 é, obviamente, indiscutível. Algo precisava ser feito. 

Não obstante, as falhas em Sucker Punch e no próprio Watchmen não davam segurança o suficiente e como uma espécie de cão de guarda, o diretor Christopher Nolan, que também produz este filme, foram os olhos do estúdio. Nolan, inclusive, assina o roteiro junto com seu bat-parceiro habitual, David Goyer. 



:: UM PLANETA CONDENADO. E DAÍ?
A história começa mostrando o planeta Krypton em um momento crítico, enfrentando uma guerra civil ao mesmo tempo que está à beira de sua própria destruição em um processo natural do planeta e tudo é uma questão de tempo para que nada mais reste. Três são as cabeças que tentam dar algum destino a seus habitantes: o cientista Jor-El (o oscarizado Russell Crowe), o militar general Zod (Michael Shannon) e o Conselho de Krypton. E, no caso, nenhum dos três concorda sobre qual é o melhor caminho. 

Dos três, Zod é mais enfático devido à sua abordagem direta e ameaçadora e Jor-El sabe que é uma questão de tempo para que Zod domine o Conselho e bote tudo a perder. Agindo em segredo, Jor-El rouba o Codex Kryptoniano, um artefato que permitiria salvar os kryptonianos, fazendo-os ter a capacidade de se adaptar em outro planeta. Zod, ao perceber o plano do ex-amigo, tenta impedí-lo, tendo ideias próprias para o Codex. O que Zod não contava, é claro, é que Jor-El tinha uma carta na manga, aquela que todos sabemos qual é: enviar seu recém-nascido filho, Kal-El, para outro planeta habitado, um onde sua estrutura molecular seria alterada pela gravidade e pelo sol local, tornando-o praticamente um deus. E, junto a ele, enviar o Codex.

E no meio da briga, Zod mata Jor-El. Lara, a mãe do futuro Superman, acaba perecendo depois, quando Krypton explode. Antes de isso acontecer, entretanto, Zod e seus subordinados são enviados para a Zona Fantasma, uma dimensão-prisão, ficando ironicamente protegidos da extinção. 

Com quase 20 minutos, esse trecho é confuso. Não pelas informações apresentadas, mas por suas intenções. Todos sabemos que Krypton explodirá, todos sabemos que Kal-El será enviado até a Terra através de uma nave, ok. O problema é que... você não se importa. É tudo tão corrido que não dá tempo de se importar com a explosão de Krypton, com o destino cruel daqueles seres, tão parecidos conosco e ao mesmo tempo tão diferentes. Não dá para conhecer sua cultura, seus costumes, não dá tempo para você olhar e pensar algo como "Caramba, taí um mundo que seria legal viver, que pena que está indo para o saco". Russell Crowe parece atuar no automático, como se fosse apenas um papel para embolsar alguma grana. Shannon não lembra o general Zod dos quadrinhos, sendo um maníaco descontrolado, enquanto o Zod dos quadrinhos tem um ar de superioridade e arrogância muito controlada e calma. 

Quando a nave chega, começamos a conhecer quem é Clark Kent (Henry Cavill), mas com um salto no tempo, já adulto.

:: SOLIDÃO
Talvez seja o melhor pedaço de todo o filme. Conhecer as angústias, questões, problemas e demais obstáculos que alguém com o poder de um deus tem: o de não poder ser você mesmo. 

Criado como um humano por um típico casal americano - Jonathan (Kevin Costner) e Martha Kent (Diane Lane) - vemos que Clark roda pelo mundo, tentando achar seu lugar em nossa sociedade, buscando respostas sobre de onde veio e daí ter uma ideia de como agir entre as pessoas. Suas capacidades o afastam de todos e ele sabe que, sendo um alienígena, caso se revele, o mundo mudará. Religião, economia, política, tudo. Nossa identidade como seres sencientes muda. Tudo será afetado, quer queira, quer não. Caso ele ajude as pessoas, não terá como se esconder. Caso se esconda, terá que vê-las morrer, sabendo que poderia ter feito algo.  

É nesse trecho que todas essas questões são abordadas nas entrelinhas do roteiro, no subtexto da trama. É pura exopolítica, a disciplina dentro da ufologia, que trata das consequências da revelação de vida alienígena inteligente, mas ao mesmo tempo, com um toque bem intimista, pessoal e particular, quase tendo um equilíbrio perfeito. 

A busca de Clark estaria tranquila se não fosse um detalhe: Lois Lane (Amy Adams), uma renomada jornalista que investiga uma expedição do governo envolvendo possivelmente embarcações militares perdidas em ambientes inóspitos e congelados. Entretanto, ela (e o governo) topam é com uma nave extraterrestre há muito caída ali. Lane, que ainda sem saber do o que o artefato se trata, entra nele para extrair o máximo que pode. Ao ter problemas e estar à beira da morte, é salva por Clark e o ocorrido a deixa atônita. Juntando todos os fatos, percebe que foi salva por uma alienígena. 

Ela quer publicar a história, mas devido à natureza da própria, seu patrão, o redator-chefe Perry White (Lawrence Fishburne) é contra. Ele pede mais bom senso e consciência à sua subordinada, alertando sobre as consequências para todos os lados, caso seja publicada. Lane é convencida, mas não está satisfeita quanto a deixar de lado o seu salvador. Ela precisa encontrá-lo novamente. 

Inicialmente ela deixa o texto dela com um blogueiro de reputação duvidosa, em uma tentativa de que chegue a Clark e ela consiga um contato. Ao mesmo tempo, faz de tudo para achá-lo de outras maneiras. E consegue. E através da interação entre os dois, fechamos o ciclo sobre as questões que atormentam o personagem. 

E é aqui que os grandes problemas do filme começam. 



:: GENERAL ZOD. OU: TIREI A RESPONSA DE VOCÊ
Até então, Homem de Aço parecia um filme de Christopher Nolan, mesmo tendo o fraco pedaço de Krypton no começo. A partir daqui, realmente parece algo criado por Snyder.

Logo após isso, Zod chega à Terra, apresentando-se à humanidade e dizendo que um dos seus está há anos vivendo escondido na Terra e exige sua custódia, caso contrário, os humanos sofrerão as consequências. 

Clark lutou para achar uma maneira de se integrar ao mundo durante toda sua vida. A chegada dos kryptonianos simplesmente tira de Clark a chance de ele encontrar uma maneira de lidar com isso. Zod chega e o quer. Agora ou ele se revela, entregando-se ou o mundo vai para as cucuias. E o que ele faz, sendo que foi criado por uma família de boa índole? Acertadamente se entrega. Agora a história vira um "o que Zod quer e o que vou fazer com ele e o que o mundo fará conosco e a si mesmo?". 

Até aí, sem muitos problemas. A reação das pessoas e do próprio exército americano a Zod e a Superman é interessante, não tão desenvolvida como poderia, mas até funciona. Os problemas começam naquilo que os fãs mais esperaram por anos: a ação. 

Rapidamente fica claro que a maneira como Clark quer lidar com o impacto de vida alienígena inteligente para a sociedade humana é bem diferente da maneira que Zod vê. Este vê uma segunda chance para seu povo. Mesmo a consciência "gravada" de Jor-El tenta argumentar com ele de que os povos podem coexistir. Mas como um Hitler intergaláctico, acha as raças incompatíveis no mesmo ambiente e tal qual os europeus com os povos indígenas, "lamento amigo, mas cuidarei dos meus". 

A chegada de Zod tira toda a força da busca de Clark, obrigando o personagem a deixar isso para depois e depois, quero dizer para outro filme. É quase como um coito interrompido. E isso, em roteiro, é um erro fatal. Começos são para criar promessas. Ao criar situações, apresentar contextos, você criar a promessa/expectativa de que eles serão ao menos satisfatoriamente resolvidos. Ou, na melhor das hipóteses, um "final de Sexto Sentido". 

Isso obrigou o roteiro a seguir o caminho mais fácil, o da porrada pura e desenfreada. 

:: "FUI CRIADO PARA LUTAR, E VOCÊ? FOI CRIADO ONDE? EM UMA FAZENDA!"
A busca de Zod pelo Codex e Superman tentar impedi-lo de todas as formas foi o único arremedo de história que sobrou. Uma sequência de destruição jamais vista em sequências de ação começa aqui. 

Convenhamos: supervelocidade é um dos superpoderes mais apelões que existem. E sendo um homem que possui tal poder e ainda em conjunto com uma outra gama enorme de capacidades sobrehumanas, claro que os combates seriam rápidos. Não no sentido de acabar rápido, mas no sentido de que os acontecimentos rolam de um jeito quase impossível de acompanhar. Nota-se que Snyder procurou dar uma cadenciada, tentou criar os momentos com "efeito montanha-russa", que é onde há cenas em que não há como piscar de tão emocionantes com momentos mais relaxantes, para dar fôlego ao público e a chance de entender o desenvolvimento. Porém, em boa parte deles, Snyder falha miseravelmente. 

Claro que seria inevitável em um combate entre kryptonianos a supervelocidade não ser usada constantemente, mas faltou sabedoria em como administrar isso e usar suas possibilidades para causar uma emoção avassaladora, aquela angústia que sentimos nos velhos filmes de ação. Toda aquela velha sequência da ponte de Indiana Jones e O Templo da Perdição (1984) não tem um centésimo da correria que tem o restante todo de O Homem de Aço, mas possui proporcionalmente todo o suspense, emoção e adrenalina que poderia ter aqui e não tem. 

 Faltou é alma para as sequências de ação e porrada entre os personagens. 

Aliás, embora tenha faltado alma, preciso defender dois detalhes que foram severamente criticados por muitos. O primeiro é o de Superman "não se importar com as pessoas enquanto lutava com os kryptonianos". Tenho que concordar e discordar ao mesmo tempo. 

Tenho que concordar porque as sequências de luta e porrada teriam sido muito mais emocionantes se tivessem mostrado Superman sofrendo para lutar contra os kryptonianos ao mesmo tempo que tentasse evitar que as pessoas fossem feridas, pegas no fogo cruzado. Seria perfeito ver o alívio em seu rosto daqueles que conseguiu salvar e o terror ao ver aqueles que não conseguiu e podendo desenvolver o conflito interno/moral/ético de tudo ali. Há algumas sutilezas que indicam essa importância que Superman dá às pessoas, mas é tão pouco que está longe de ser o suficiente e com certeza foi fundamental para que as pessoas o vissem como alguém que não seria o verdadeiro Superman. 

Ao mesmo tempo, preciso discordar por dois motivos: o primeiro é que ele é um fazendeiro. Ele foi criado criando gado, colhendo feno. Ele não é um lutador, um guerreiro, um salvador. Isso mesmo fica evidente em boa parte das cenas de luta, pois os kryptonianos lutam mais marcialmente, enquanto ele tenta no improviso. É como alguém que teve seis meses de judô querer entrar no octógono e encarar o Anderson Silva. E mais de um, ainda. Por mais que Superman fosse mais poderoso que eles, eles eram mais numerosos e sabiam usar melhor os poderes que tinham, além de não ter freio moral algum. Aliado à supervelocidade, dá tempo de salvar alguém? Dá tempo de conseguir evitar mortes? Mal dava tempo de ele SE salvar. 

O segundo detalhe é que Clark nunca encontrou alguém que pudesse enfrentá-lo. Ele nunca brigou com alguém que pudesse feri-lo, que estivesse no mesmo patamar que ele. Ele nunca brigou com ninguém que poderia derrubar um edifício na cabeça dele. Ele evitava até mesmo brigar com pessoas comuns. Como lidar? 

Então vejo que há tanto um erro de roteiro quanto um acerto de característica do personagem. O erro é não ter mostrado mais Clark ao menos tentando salvar o maior número de pessoas possível. Ele podia não conseguir, mas mostrasse ele tentando, fracassando e como isso o afetaria. O acerto de característica de personagem é que Clark não tem experiência alguma em lutar. Evitava bater em pessoas e nunca tinha encontrado alguém de seu nível. Daí, inexperiência pura e completa. É um Superman em início de carreira. Ele está usando a roupa pela primeira vez. Ele nem mesmo teve a chance de decidir seu rumo, chance essa tirada dele por Zod. 

O segundo detalhe a ser defendido é o "Superman assassino". 



:: SUPERMAN JÁ MATOU NAS HQS. UMA VEZ
Depois que Clark frustra os planos de Zod, condenando Krypton e os kryptonianos restantes de vez, sobra apenas Zod. Tudo pelo que Zod lutou, tudo pelo qual ele estudou, treinou, aprendeu, esvaiu-se entre seus dedos como areia. A ele, não restou mais nada. E um homem que não tem nada a perder torna-se o mais perigoso dos homens. 

Zod anuncia que não vai parar até que todos os humanos estejam mortos e Clark veja tudo acontecer, restando apenas os dois. Clark, lógico, precisa impedí-lo. Segue-se então o maior grau de destruição de todo o filme. Zod cada vez mais furioso, uma máquina de lutar impiedosa e o pior: cada vez mais poderoso e no controle de seus recém-adquiridos poderes. É uma questão de tempo para que mate cada vez mais e mais, incluindo o próprio Clark. Nenhuma prisão poderia segurá-lo. E não, a kryptonita não foi descoberta até o momento do universo cinematográfico DC. E mesmo que houvesse uma prisão para segurá-lo, por quanto tempo ficaria lá até dar um jeito de escapar? 

Clark precisava fazer alguma coisa. 

E tal qual como nos quadrinhos, ele mata Zod. 

O maior dos poderes de Superman não é nenhuma das suas proezas físicas, mas a noção que ele possui de saber exatamente o que fazer em qualquer situação. É seu bom senso. Todavia, aqui, assim como no começo da carreira de herói nos quadrinhos, ele encontra um nêmesis que é o seu oposto maligno encarnado. Zod é Superman sem sua bondade, generosidade, delicadeza, sabedoria e tudo mais. É o que ele seria se fosse essencialmente mau e cruel. Mais tarde, nos quadrinhos, Superman encontrou seres mais poderosos do que Zod, mas já estava mais experiente. 

Aqui, ele é só um fazendeiro que está sendo obrigado a lidar com algo que é muito maior do que ele. 

Superman poderia tirar Zod voando de onde estavam. Poderia virar a cabeça de Zod para baixo, forçando a visão de calor a não matar as pessoas que ali estavam presas. Mas faria o que com ele depois? Levaria para onde? Prenderia como? Manteria ele preso como? 

A dor da decisão rasga seu peito como vemos em sua reação logo após ao fatídico ocorrido. Que não seria tão fatídico assim se as cenas finais não fossem tão chinfrins e é aí que Snyder tira toda a força e significado da cena da morte de Zod. 

:: O FINAL PRECOCE
Após a morte de Zod, o filme acaba abruptamente. Algumas poucas cenas rápidas e é isso. O máximo que há sobre consequência é o governo americano tentando espioná-lo e ele avisando que se vão ajudar um ao outro "será nos meus termos". E é isso.

Não tem reconstrução de Metrópolis e Smallville, não tem a reação das pessoas, não tem as consequências pelo mundo em nossa sociedade, não tem como ele terá que lidar com o peso de um assassinato em suas mãos, não tem nada disso.

Tem apenas Clark colocando os óculos e apresentando-se como novo integrante do Planeta Diário. 

Ficou óbvio que deixaram tudo isso para uma sequência. Mas tirou toda a força do Ato I e parte do Ato II e a morte de Zod no Ato III. Foi um final muito aquém daquilo que foi mostrado. "Ok, agora todo mundo sabe que eu existo. O que vou fazer a respeito? O que vão fazer comigo?" seria o natural. Nada. 



:: CONSIDERAÇÕES FINAIS
Henry Cavill é um ótimo Superman, mas vítimas dos problemas de roteiro. Enquanto a história estava consistente no trecho em que buscava seu lugar ao mundo, vemos os melhores momentos de sua cara para o personagem. Quando os problemas de roteiro ficam mais nítidos, nota-se que ele praticamente está carregando o personagem nas costas e isso é muito louvável. Me conquistou como Superman, obviamente a melhor encarnação desde Christopher Reeve, incluindo aí todas as aparições do personagem em carne e osso, seja no cinema ou na TV. 

Amy Adams talvez seja a melhor coisa da película, entregando uma Lois Lane na medida certa. Sério, não tenho o que reclamar dela e a química entre ela e Cavill só ajuda. Aliás, até consegue tornar o próprio Cavill como Superman mais legal.

Kevin Costner é sensível e cria um consistente Jonathan Kent, ao contrário de Diane Lane, outra que parece ter entrado no automático. Lawrence Fishburne é outro talento desperdiçado, pois Perry White é pouco desenvolvido. Talvez no caso de Martha e Perry, colocaram grandes nomes porque esperam desenvolver mais em sequências. 

Há algumas faltas de lógica na construção na tecnologia kryptoniana. Um exemplo é o fato de Jor-El ligar para Lara através de um robô e o rosto dela ser reproduzido quase como uma estátua animada pelo robô em um tom cinzento, mas ao mesmo tempo, possuem uma tecnologia para criar um holograma absurdamente real e com as memórias de uma pessoas, como acontece com o próprio Jor-El mais tarde. É quase como tentar usar sinal de fumaça quando você tem um computador com internet ao seu lado quando precisa se comunicar. Simplesmente não faz sentido. Procure mais dessas faltas de lógica que você encontra. 

Nota-se que devido às pressões da justiça americana pelos direitos do personagem com as famílias dos criadores influenciou na qualidade do roteiro. Nota-se que foi escrito às pressas, sob muita pressão. Dessa forma, acredito que o maior vilão da produção não tenha sido o elo fraco dos roteiristas (chamado David Goyer) ou a direção blockbusteriana de Snyder ou mesmo alguma interferência dos produtores (o que seria o mais normal), mas sim o fator tempo. Christopher Nolan, mesmo junto de Goyer e seu irmão, Jonathan Nolan, sofreram o mesmo com O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012), feito muito mais às pressas, ao contrário do fantástico e irrepreensível Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008), escrito com toda a calma e paciência do mundo; embora com melhor resultado. Se feito com o tempo apropriado, sem esses fatores externos, a dupla de roteiristas, junto do diretor poderia ter feito algo do nível do segundo filme da bat-trilogia de Nolan. Ainda assim, trata-se de um bom começo do universo cinematográfico da DC. Resta agora saber como irão lidar com as questões deixadas aqui em aberto que poderiam ter sido um pouco exploradas no final. 

Ainda não é o Superman que conhecemos, ele ainda está em formação. E isso pode ser legal.

Nota: 8,0


Dirigido por
Zack Snyder
Escrito por
David S. Goyer (roteiro e história) e Christopher Nolan (história)
Elenco
Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon, Russell Crowe, Lawrence Fishburne, Kevin Costner, Diane Lane.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

FIQ 2011 - O MAIOR EVENTO DE HQS DO BRASIL


A Serraria Souza Pinto

No último dia 13 terminou a edição 2011 do FIQ - Festival Internacional de Quadrinhos, durando cinco dias. Devido ao que testemunhei, devo dizer que, sem sombra de dúvida, é o maior evento de quadrinhos que já fui e não duvido que seja o maior do Brasil e talvez, da América Latina.

Ao chegar no local, a Serraria Souza Pinto em Belo Horizonte, tudo parecia bem calmo, quase como se não acontecesse nada ali. Cheguei de manhã no primeiro dia a fim de pegar tudo do começo. E a calmaria foi justificada, pois havia poucas pessoas. Isso até foi bom, porque imaginando que o público aumentaria a cada dia, ficou mais calmo tirar fotos, então aproveitei. 

:: A SERRARIA
O lugar é bem amplo, muito bem indicado mesmo para um evento desse porte, tendo um único problema: apesar de arejado, o teto de amianto ajudava a tornar os calorentos dias mineiros em algo ainda mais abafado. 

Só que depois do fim, os organizadores terão um problemão nas mãos para a edição 2013. Ivan Costa, um dos responsáveis, postou no Twitter que juntando todos os dias, o FIQ teve um público de 148 mil pessoas. Isso é mais do que o dobro da última edição em 2009. Se a tendência continuar, a Serraria Souza Pinto não dará conta daqui a dois anos. 

Espaço dedicado a Maurício de Sousa
Ao entrar, me deparei com um painel enorme sobre a carreira de Maurício de Sousa, homenageado desta edição. Ano a ano desde que o quadrinhista começou sua carreira, a mostra chamou a atenção de todos durante os cinco dias, sempre cheio de pessoas lendo e tirando fotos. 

Os estandes ficaram do lado esquerdo e ao fundo, fazendo um "L" no espaço retangular do local. Gostaria que houvesse mais estandes. Lojas grandes, por exemplo, apenas duas: a tradicional Comix Book Shop e a livraria Leitura, local. De resto, estandes para as HQs independentes e editoras menores - como a Balão Editorial - já que as grandes como Panini e Abril, entre outras, não deram as caras.

Aliás, esse FIQ foi bem generoso com as HQs independentes, porque ao conversar com os criadores, havia gente que trouxe 500 cópias de uma HQ e vendeu todas, por exemplo. A variedade das HQs e o grande público contribuiram para as vendas. Ainda assim, acredito que as grandes editoras poderiam estar lá que não prejudicariam as vendas. As grandes editoras poderiam dizer "Com a Comix lá, não tem necessidade de espaço para as grandes editoras". Ok, muito válido. Só que poderia haver algum espaço em que os fãs soubessem das novidades, pudessem assinar revistas, conversar com os editores, entre outras coisas que, com um pouquinho de criatividade - alô departamento de marketing! - com certeza chamaria a atenção.

A entrada da exposição dos originais do mercado americano.
Andando um pouco mais, me deparei com um espaço de exposição. Havia páginas e esboços conceituais de conhecidas séries ali. Olhando mais atentamente, senti um arrepio. Essas artes eram ORIGINAIS de diversos artistas estrangeiros: Howard ChaykinGeorge Perez, Andy Kubert, John Byrne, Chris Bachalo, Berni Wrightson, Cully Hammer, entre dezenas de outros do passado e do presente. Completando de forma muito bem sacada, textos informativos sobre cada etapa da criação de uma HQ estavam nos vidros de proteção da exposição, desde o roteiro e edição até balões e letras. 

Organizada por Ivan Costa, os pontos altos com certeza foram um original de página dupla de Alex Ross que faz parte do álbum Mulher-Maravilha - O Espírito da Verdade e uma cópia genuína de Seduction of the Innocent, o famigerado livro de Frederic Wertham. A capa me atraía, louco pra ver que tipo de blasfêmia Wertham escrevera, quase como uma Bíblia do Mal. 

Ao lado, outra exposição, dessa vez com originais de diversos dos artistas coreanos convidados, artes belíssimas e com uma identidade visual única, embora com clara influência do mangá.

Muitas crianças! A grande maioria do público.
Em volta dessas duas exposições, painéis com os mais diversos propósitos - gibiteca, oficinas permanentes - faziam a alegria das crianças. Sou obrigado a dizer que nunca vi tanta criança em um mesmo lugar. E isso ocorreu não por apenas um motivo, mas vários. Havia, lógico, crianças acompanhadas de suas respectivas famílias, mas dezenas de escolas também levaram seus alunos ao evento. Foi muito legal ver as crianças nos estandes, na gibiteca, vendo as exposições... enfim, interagindo com todas as atrações. Com certeza uma grande porcentagem ali conheceu mais de perto o mundo mágico dos quadrinhos e será mais um leitor habitual. 

Atrás das exposições, um dos lugares que mais juntou os profissionais da área, o Estúdio Ao Vivo. Ali, gente como Paulo Siqueira, Geraldo Borges, Eddy Barrows, Jill Thompson e outros sentaram e desenhavam, arte-finalizavam e coloriam para o deleite do público, que via em primeira mão como uma HQ era criada.

Ao fundo, a lanchonete do local, com bastante variedade em seu cardápio e com preços acessíveis e outros nem tanto. Com várias mesas, o lugar era bastante arejado e iluminado. Perto da lanchonete, os banheiros, sendo limpos por funcionários o tempo inteiro, de modo que era um dos mais limpos que já vi em eventos, embora com um ou outro deslize. 

Bill Sienkiewicz autografando.
Havia também conexão wi-fi disponível, mas era necessário pegar login e senha na secretaria e a conexão durava duas horas. Isso é pouco para um evento desse porte. Em alguns momentos, as pessoas não conseguiam acessar a internet, mesmo com login e senha. Com certeza havia a necessidade de um patrocinador disponibilizar um wi-fi permanente e de grande potência. O local seria perfeito para fazer propaganda disso. Fora também que um desavisado que more em Marte poderia tomar conhecimento do evento ao ler o tuíte de um amigo ou atualização no Facebook; e também para a imprensa, que poderia fazer uma cobertura mais completa e ampla.

:: HI! DO YOU KNOW WHERE...? - PARTE 1
No primeiro dia, ainda pela manhã, um fato curioso ocorreu. Vendo as exposições, um gringo me aborda, pedindo informações. Gringo, em evento de HQs, só pode ser um convidado. Perguntei quem era. Bill Sienkiewicz. Me apresentei, informei-o que sou roteirista e comentei de trabalhos que faço atualmente. "Ah é? Vamos tomar um café?", me convidava o artista, apontando para a lanchonete. Eu mal podia acreditar.

Sentamos no espaço, ainda relativamente vazio e conversamos durante meia-hora. Ele ficou curioso em relação a meus trabalhos e depois de explanado o assunto, me perguntou sobre as qualidades e defeitos do mercado brasileiro, entre outros detalhes das tradições quadrinhísticas locais. Um dos momentos mais incríveis foi o fato de ele ter tomado a iniciativa de trocar contatos comigo, de modo que ele me passou seu e-mail e telefone. Simplesmente surreal. 

Claro que, tendo um sketchbook na mochila, pedi que ele fizesse qualquer coisa pra mim. Desejo atendido... e filmado. Se quer ver o grande Bill desenhando no meu sketchbook, clique aqui: http://www.youtube.com/watch?v=j8bcny5UJqk

Divulgação de Astronauta, por Danilo Beyruth.
:: PAINEÍS E OUTRAS ATRAÇÕES
Humanamente impossível participar de todas as atrações, como painéis, oficinas especiais, entre outros. A variedade era grande, mas devido ao público desta edição, muita gente ficou de fora, pois o espaço para cada uma delas era bem limitado. 

Para participar de algumas, houve uma seleção de participantes através do site do evento, enquanto que em outras era necessário tirar uma senha na secretaria. Dessa maneira, as atrações eram quase disputadas a sangue.

Se os espaços fossem maiores, como auditórios e afins, acomodasse um número maior de pessoas, mas o local não suportava tanto. Ainda no primeiro dia, Sidney Gusman e Maurício de Sousa apresentaram o próximo projeto da MSP, que nada mais é do que a Graphic MSP, onde artistas brasileiros farão álbuns completos com personagens da casa e a estréia ficará por conta de Danilo Beyruth, Gustavo Duarte, Chico de Leite, e os irmãos Vitor e Lu Caffagi; fazendo álbuns de Astronauta, Chico Bento, Piteco e a turminha, respectivamente. A repercussão foi enorme não só no local, mas também na internet: "Apresentamos ontem e ainda está na capa do UOL. Impressionante!" disse Sidney Gusman no dia seguinte.

Consegui participar do painel da DC Comics, que contou com a presença do americano Larry Ganem, que veio no lugar de Eddie Berganza e também com Erico Assis traduzindo-o. Junto a eles, Ivan Reis, Joe Prado e Eddy Barrows no palco. Nas primeiras fileiras, mais artistas da casa, como o já citado Paulo Siqueira e os coloristas Rod Reis e Marcelo Maiolo

Larry no Painel DC.
Larry mostrou-se bem solto e bem-humorado, brincando com todos ali. Após uma apresentação parcial - onde o projetor deixou os convidados na mão em alguns momentos - dos títulos da iniciativa Novos 52, Larry abriu para as perguntas. Ouvia-se uma variedade muito grande de perguntas, mostrando um público formado desde os leigos até os mais bem informados da área. As melhores perguntas - de acordo com o julgamento do próprio Larry, embora ele tenha sido bem generoso - ganhavam encadernados estrangeiros da editora. 

A primeira pergunta - e uma das mais interessantes - foi logo a recepção por parte da DC de roteiristas brasileiros, já que os artistas hoje são as grandes estrelas da empresa. Larry foi bem enfático para todo mundo ouvir: a DC não tem nada contra roteiristas de qualquer nacionalidade. Mais tarde, encontrando com ele, conversei sobre o assunto e ele me confidencializou que tudo que é preciso para escrever para uma editora american - incluindo a DC - é que o roteirista domine o inglês a ponto de conhecer até os erros do idioma, conhecer a fundo a cultura americana - se fosse a via contrária, é como se um americano conhecesse e entendesse as piadinhas sobre gaúchos ou os estereótipos de paulistas, mineiros, baianos, cariocas, etc - e que apresente uma HQ de super-herói publicada - por editora ou independente - em inglês. Se os editores gostarem da sua HQ, entrarão em contato para conversar e é aí que você tem que mostrar que entende do idioma e da cultura deles. 

O colorista Marcelo Maiolo (de pé), sendo aplaudido
Não consegui pegar o painel da Marvel, de modo que cheguei no final, tendo que assistir do lado de fora, o que dificultava ouvir o que falavam lá. No painel, os roteiristas Matt Fraction e Kelly Sue e o caça-talentos C.B. Cebulski eram traduzidos mais uma vez por Erico Assis. Completando, ninguém menos do que Mike Deodato e Will Conrad

No final, Cebulski pediu aos presentes que gritassem "make mine Marvel", brado característico da editora e gravou, prometendo mostrar para seus companheiros nos EUA. Conversando também com Cebulski sobre roteiristas brasileiros, ele disse a mesma coisa que Larry, mas que no caso da Marvel há duas diferenças. A primeira é que você pode tanto apresentar uma HQ de super-heróis de sua autoria quanto um pitch - documento de apresentação de ideia - com algum personagem da Marvel. A segunda diferença é que você deve ir no site da Marvel e procurar pelo MISF - Marvel Idea Submission Form For Writers - que é um documento que deve ser enviado assinado junto com a HQ ou pitch que você está enviando. Proposta sem esse formulário não são lidas e sim, destruídas.

Improvisado, um "estande" foi criado inconscientemente pelos quadrinhistas como local escolhido para socializarem. Em uma brincadeira com Breno Tamura, o local foi carinhosamente batizado como "estando do Breno" e lá estavam gênios como Ivan Reis, Mike Deodato, Will Conrad, J.M. Trevisan, Leonel Caldela, Hector Lima, Eddy Barrows, Paulo Siqueira, Julia Bax, Marcelo Maiolo, Rod Reis, Danilo Beyruth, Fábio Moon, Gabriel Bá, Eduardo Medeiros, Marcelo Miller, Joe Prado, Geraldo Borges, Larry Ganem, C.B. Cebulski, Klebs Jr., Ig Guará, Rodney Buchemi, entre outros. 

Almoçando com Jill Thompson. Pena que o fotógrafo tremeu um pouco.
:: HI! DO YOU KNOW WHERE...? - PARTE 2
Em um dos dias, decidi ir ao FIQ só depois do almoço e pouco mais de 200 metros do local, uma figura inusitada pede informações. Era ninguém menos do que Jill Thompson. Ela queria almoçar e procurava um lugar chamado Cantina do Lucas, que havia sido indicado a ela via Twitter. Eu e uns companheiros passamos quase uma hora procurando o lugar com ela - mesmo porque, era minha primeira vez na capital mineira e não conhecida nada - até que achamos e veio um inusitado convite para almoçar com ela. 

Foi uma tarde bem bacana, onde a coisa tomou um rumo muito além do que apenas um almoço. Ela fez desenhos, recebeu desenhos, conversou bastante, sempre sendo bem simpática.

:: MUDANÇA DE PARADIGMA NO PÚBLICO
Outra coisa que chamou bastante a atenção foi a variedade de idade e gênero do público. 

Nunca vi tanta mulher - sozinhas ou acompanhadas de familiares - em um evento de quadrinhos; além das já citadas crianças. Foi algo bonito e único de se ver e não era difícil ouvir dos mais velhos que iam voltar a colecionar quadrinhos depois de ver tantas opções de revistas. 

Isso mostra que há espaço para todas as idades e que os quadrinhos não são mais um passatempo majoritariamente masculino. Foi-se essa época e o FIQ provou isso.

:: O MAIOR DE TODOS
Em suma, o FIQ 2011 consolidou-se como o maior evento de HQs que já aconteceu no Brasil, com um público recorde, atrações e convidados singulares - que como deve ter notado, você esbarrava com eles dentro e fora do evento - alto número de vendas de gibis, entre outros feitos.

Ivan Costa e o resto da equipe terão um trabalho titânico para superar esta edição daqui a dois anos. É o mais próximo que consigo imaginar de um eventos nos EUA e isso o FIQ conseguiu com louvor. 
Muitas escolas no evento.
Joe Prado autografando.
Exposições bem explicativas.
Trabalhos dos artistas coreanos.
Mais trabalhos dos coreanos.


Impressionante pintura dos coreanos.
Originais dos artistas americanos.
Os leigos não foram esquecidos.

A entrada.
Estátuas baseadas na arte de Adam Hughes.


Os os artistas brincavam.
Andy Kubert.

John Byrne.
Howard Chaykin.
Gene Ha.
 

George Perez
Alex Ross
Ivan Reis.


O livro maldito.
Proposta de Ross para Shazam.
Página da primeira versão
de Liga vs Vingadores.

Página de Sandman no roteiro
e na versão final.
Página de A Piada Mortal e sua
descrição no roteiro.
Esboço e ideias de Ross
para álbum do Superman.

Esboço de Alan Davis.

Livraria Leitura, ainda no
primeiro dia.
Sim, um Hugo Pratt!

Estudos de mão de
Simone Bianchi.
O original e a reprodução
na revista - tudo explicado.
Crise Final no traço
de Phil Jimenez.

Gosta de Frank Quitely?
Mural onde era só chegar
e desenhar.
E, claro, alguém que achou
um cantinho em branco.

Pandemônio, grande destaque
entre os independentes.
Mais arte coreana.

HQs tratadas como merecem.
Crianças!

Alguns dos stands.
Jill Thompson pintando.

Uma criança realizando um
sonho ao conhecer Maurício de Sousa.
Primeiro dia, ainda meio "vazio".
Do lado esquerdo, no alto, o
espaço das oficinas.
Parte do espaço Maurício de Sousa.

O caça-talentos da Marvel,
C.B.Cebulski após nossa conversa.
As estátuas de Hughes chamavam
muita atenção.

Difícil era conseguir um ângulo
bom, pois sempre tinha gente em volta.
Tive que pedir um momentinho, mas
mesmo assim...


Entrada da exposição
 dos originais do mercado americano.
Todo mundo parava
nessa estátua.


Por que tão sério?
A lanchonete, que era maior do
que mostra a foto.


Fórum de HQs do Ceará: gente de
todo canto do Brasil.
Criançada se divertindo. Estar no
FIQ sem desenhar não é estar
no FIQ!


E o evento ficava cada vez mais cheio.
Primeiras páginas de Seduction
of the Innocent.

Muitas representantes femininas!
Vê aqueles seres ao fundo?
São mulheres!


E de todas as idades! É o
público mudando!
O mestre dos pincéis
autografando.


Ivan Reis, sempre muito
requisitado.
Joe Prado, Ivan Reis e Rod Reis.


Bancada de mestres!
Pocket show. E o som era
bom, viu?