domingo, 18 de setembro de 2011

DC PUBLISHING THE SAME STORY WITH TWO DIFFERENT CHARACTERS IN THE SAME MONTH!


Did someone realize that the stories of Grifter # 1 and Resurrection Man # 1 are exactly the same? Well, the writer Emerson Abreu - who writes some of the stories of Monica's Gang, the most sucessfull comic book in Brazil - did.

On Twitter, Abreu posted the following messages:

"Grifter wakes up in a lab, flees, takes a plane, he discovers he's being chased by demons and jumps from the aircraft in the middle of the fight. THE END."

"Resurrecion Man wakes up in a morgue, flees, takes a plane, he discovers he's being chased by angels and jumps from the aircraft in the middle of the fight. THE END."

"Not to mention that in the two comics, enemies are disguised as humans and in the end, the authorities are in pursuit of the heroes. Where's the editor?"


So, DC ... what is the excuse? 


Grifter is written by Nathan Edmondson. Resurrection Man is written by Dan Abnett and Andy LanningDid they talk a lot about ideas and they both used the same onesWas that a jokeI  don't think so.

Dear DC editors, is this the example of writers with new ideasDo not just use the same formula - mega sagas, crossovers, heroes die then come back to life,etc. - do you also use the same general/plot linesOr did you make a mistake?

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

HQ: CRÍTICA DE ULTIMATE COMICS SPIDER-MAN #01


Prova de que as editoras podem fazer diferente
quando querem. Difícil fazer isso?

Em uma tacada corajosa, a Marvel Comics criou Miles Morales, um negro latino como o novo Homem-Aranha. Pelo menos, do Universo Ultimate. O clássico Peter Parker continua lá, intocável, no universo tradicional da editora.

Após a morte de Peter Parker do universo Ultimate, os leitores pensaram que ficariam sem a melhor versão do personagem em todos os tempos. Ledo engano, pois a Marvel foi além. A Marvel mostrou que quando quer, é capaz de inovar muitíssimo bem.

:: A HISTÓRIA
Brian Michael Bendis, roteirista e criador do personagem começa da melhor maneira possível, fazendo uma ponte entre as histórias de Peter com o que ocorrerá com Miles. A história começa tempos atrás, com Norman Osborn no comando de sua empresa, gabando-se por ter sido o responsável pela criação do Homem-Aranha. Ele pede que um dos seus cientistas recrie o procedimento que modificou a aranha que picou Peter, sem nem mesmo ter uma amostra da aranha (já que ela foi esmagada, lembra?) e como isso aconteceu. A Aranha é batizada com o número 42.

Corte.

Mostra a revelação para o mundo de que Norman é o Duende Verde e também que ele é preso e sua empresa abre falência. Um ladrão, que não sabemos se é uma versão ultimate do Deadpool ou do Gatuno vasculha por algo na sede abandonada da Oscorp. A aranha 42 entra na mochila do ladrão sem que ele perceba.

Corte.

Miles Morales é um jovem de família pobre que precisa de bons estudos. Ele e seus pais vão até um concorrido esquema de sorteio de vaga, muito comum nos EUA dependendo do nível da escola, obviamente muito alto. É aqui que ocorre a melhor sequência da história. É sensível, te pega pelo coração. Não teria maneira melhor de você simpatizar com Miles do que uma ideia como essa.

Depois de conseguir a vaga, os três voltam felizes para casa. Miles então encontra-se com um tio de moral extremamente duvidosa. E a mochila esta lá. Miles senta-se no sofá. A aranha sai e pica-o. Miles desmaia justamente quando o pai dele aparece. Pensando ter feito algo com seu filho, o pai e o tio discutem, mostrando uma disparidade muito grande entre eles. Chateado com a briga, Miles corre dali.

E então a frase "tem dias que dá vontade de sumir" ganha um novo significado.

:: A ARTE
Sarah Pichelli melhorou monstruosamente. Sua arte está mais segura, melhor detalhada sem perder a identidade. Sua noção de storytelling aprimorou-se de maneira impensável. Talvez por ela ter sido a criadora do visual, o Miles dela é bem mais bem estruturado do que seu Peter.

Aliás, qualquer personagem ali está muito bem melhor desenhado do que na passagem anterior dela pelo título. Se há alguém para comparar - já que quase todos ali são personagens inéditos - esse alguém é Norman Osborn. O vilão está muito mais crível, pra dizer o mínimo.

:: A REAÇÃO
Brian Michael Bendis provou por A + B que dá pra fazer algo diferente com personagens clássicos. Provou que é o maior roteirista mesmo da história do Aranha. Acredito que ninguém - além de Stan Lee - entenda mais do personagem do que Bendis. Ele mostrou que a ideia do legado - de manter o conceito, mas dar novos temperos - realmente funciona.

Não só Miles, mas todos os personagens ali tem carisma, sem excluir ninguém. Mesmo personagens que não soltam uma palavra - como a menina rezando pela vaga na escola - fazem você se importar. Fazer você quase estar ali, naquela Nova York fictícia, com aqueles personagens que não existem, mas que são muito reais, críveis.

Após a última página, você fica pedindo mais. Amaldiçoa a Marvel por não ter feito uma estréia com mais páginas, como foi com a primeira edição de Ultimate Spider-Man há pouco mais de dez anos atrás.

Geralmente escrevo textos mais longos, gosto de dissecar um tema de todas as maneiras, de todos os lados, mas falar mais seria mais do mesmo e provavelmente eu também entregaria mais do que já entreguei.

Seja bem-vindo, Miles Morales. ;)




Ultimate Comics Spider-Man #1 
Marvel Comics - Setembro de 2011
Roteiro de Brian Michael Bendis
Arte de Sarah Pichelli
Cores de Justin Ponsor

Nota: 9,5 (e esse meio desconto é porque não tem mais páginas, porque de resto...)

THE PROBLEM WITH SUPERHERO COMICS NOWADAYS


Obs.: The portuguese version of this text is a few posts below.

Look! He died...
"Relaunch". "Reboot". Perhaps these have become the most common words spoken/written in the comic
books market for the past few months.

Before I continue – and I only wanted to give a hint in the first paragraph about the theme to be approached – I want to introduce myself. I’m a Brazilian, 31 years old, and I read comic books since I
was five. My first comic book was Captain America by Jack Kirby, and the cover was Captain crossing a window, shards of glass everywhere. Twenty-six years later, I became a writer, working for the Brazilian audiovisual market since I was 19 years old, with short breaks in between. And the fact that I am a Brazilian citizen shows that American super heroes can also touch hearts all around the globe due to its characteristics, stories, development.

What made me write this text and access an American comic book website was the statement below:

“THE TRUTH IS PEOPLE ARE LEAVING ANYWAY, THEY’RE JUST DOING IT QUIETLY, AND WE HAVE BEEN PAPERING IT OVER WITH INCREASED PRICES...WE DIDN’T WANT TO WAKE UP ONE DAY AND FIND WE HAD A BUNCH OF $20 BOOKS THAT 10,000 PEOPLE ARE BUYING.”
                                    - Dan Didio.

It’s quite obvious why people are not reading books any longer. There are no new stories since God knows when. It’s worthless to create new series, different characters if we keep using the same creative tricks.

Call me naive, but I believe that the decreasing sales of comic books are not really about prices, marketing strategies, or distribution, etc. Of course, each one of these aspects has its influence and destructive power on sales. But I believe there’s something much, much worse and is the main responsible for the sales decrease.

Referring to a few DC sagas and using an old term, the problem is the creativity crisis.

In other words, resources, tricks and artifices used in the stories are the same since zillions of years ago. There’s nothing new. Characters are still the same and it kills a fictional story. One of the main ideas that build up a script is the fact that characters need to change. At the end of a story, they need to learn something, change an opinion, develop knowledge/new abilities, have their lives changed for some dramatic reason. This is a basic introduction for movies, TV, literature, whatever you want. And that’s not the case for, unfortunately, super hero comic books. Let’s see why and which are some of these tricks. I believe that through my comments, many readers are going to say they, creatively, cannot stand it anymore. I think this would be pretty much a public interest, right?

... and soon came back! Nobody believes in death anymore.
:: DEATH
A hero dies. Then he resurrects. Another hero dies. And also resurrects. And then a different hero dies, and guess what happens? He comes back from beyond the grave. And when another hero dies again, do you know what writers do? Yeah, I think you understood what I mean.

The resurrection resource has banalized death in comic books. No one cares anymore. It does not leverage sales like it used to. It has lost all its meaning. This resource is worn out and today readers laugh when a hero dies, considering it could cause any reaction.

Is he dead? Then let him go. It’s that simple. The editor regretted having killed the hero? Find another one to fill in his place and continue the legacy. That’s why The Phantom is the best character ever made. The new Phantom did not work? Kill him, destroy him, whatever, but put him away and create another one to put in his place. Give them a Batman Beyond or Peter Parker/Miles Morales treatment. A new hero, whose characteristics were created after a detailed study about the current public taste. You murdered Peter Parker, not Spider-Man. You murdered Diana, not Wonder Woman. The concept still lives. And with another persona in place, the idea can be updated and remodeled for it to continue fresh, modern, new. Anyway, something that can instigate people’s curiosity. Put an end to Tony Stark era and put someone that can bring a fresh air to Iron Man. A character has used and worn out all possibilities? Renew the character, but not through retcons or reboots. Retelling the origin for the millionth time to place “new elements” does not work anymore.

Why do thing like this...
With a new character to continue the legacy, you define a phase. Look, we have a phase of Bruce Banner as Hulk. Now is the whoever-it-is phase as Hulk. But what Banner did before has a huge impact on the life of this whoever-it-is. The legacy, the concept, lives. The story moves forward.

And this leads me to another subject...

:: RETCONS
Whatever happened to Gwen Stacy stays with Gwen Stacy. It’s gone, she belongs to the past. Make Peter, somehow, move on in an epic story. But get over it. I don’t want to see him as a crying baby. I want to see him as a hero, overcoming obstacles with dignity.

Let the story continue, do not use retcons. Tell new stories. Create new concepts, new approaches for each of them. Make the characters learn new things, but don’t let them forget it. And I say this only because I can’t remember when Cyclops used his rays in an offensive and impressive manner with his notion of spatial geometry, very used ages ago.

Another problem with retcons is that the character’s chronology becomes a patchwork. This will only cause more trouble as time passes by. It is like having 50 eggs in a basket with capacity for 15 and you keep trying to put 70 in it.

Retcon also conflicts with an absolute rule from writers, which is K.I.S.S. – “keep it simple, stupid." But no, there goes another retcon to cause more chronological trouble to those who will keep trying to fix it when they should just write a good story.


... when the last memory of readers about a character
can be something like that?
:: MEGASAGAS
All I’m asking is... – and I imagine that many of you reading this will support me – please, stop publishing mega sagas. Well, at least most of them. Editors publish one mega saga after another. And each title has a mega saga. There is one from Batman, another from Spider-Man, Green Lantern, Avengers, and etc., etc., etc.

When several mega sagas happen at the same time and one subsequently after the other, how can it be “mega”? How can it be special? How can it be relevant?

In books there are stories. Just stories. Create storylines. Tell a story in four issues. Then, tell a story in three issues. Tell another in five issues. Just don’t tell a story divided into several parts. A storyline with too many issues holds the reader. It is economically advantageous to hold the reader for a year or so? I'm sorry, but this does not work anymore.

Tell just a story after another. Simple as that. Then, after three or four years, create a mega saga with that character. And another mega saga must be created only after a few years after the last one published. Let readers anxiously waiting for it.

And this also leads me to another topic...

Crossovers: we really need it 24 for 7?
:: CROSSOVERS
Stop it. Today characters are on every comic book. Why should we purchase Wonder Woman if she also appears on Justice League, Teen Titans, and other two or three mega sagas? When was the last time any character had a phase where stories were just about this one character and its respective supporting characters, adding layers to them? Developing them? Making them better?

With rare and few crossovers, fans will anxiously wait for them to finally meet each other. If this happens, then let it happen for creative necessity.

If a supporting character gets popular, don’t create a monthly magazine. Do the opposite. Make him appear sporadically. Readers will ask for more, and will buy more issues when he appears. Now, if all of them caught the “Wolverine syndrome”, how do you expect for readers to ask for more? One crossover should be like “hell yeah, I really want to see those two together” from readers.

Now imagine mega sagas with crossovers. It sucks, come on! Do you want a mega saga? Then elaborate it with a characters line. Do not choose the entire cast available for the publishing house. Wait for a really epic event to create a mega saga + crossover.

By force, USA forced Japan to open it's ports...
:: ALTERNATIVE REALITIES
This is the ultimate mistake of retcon + mega saga. Are there any cool alternative realities? Yes, but they account for a very reduced minority compared to the number of bad stories created based on this idea. An alternative reality has to be somehow relevant to the character, and not just like some “retcon from the future". In the past or future, the retcon concept previously mentioned stays the same.

Alternative realities also kill the structure of “telling a story after another” approached on mega sagas topic.

:: OTHER WORN OUT TRICKS
As I Said before, these are just a few tricks readers can’t stand anymore and they surely have their list of “worn out tricks”. If I list all of them in this topic, this would look more like an academic thesis, a book.

Based on what was written here, I invite Geoff Johns, Brian Michael Bendis, Mark Millar, Scott SnyderKurt Busiek, Peter David and every writer in the Northern American (here we don't reffer to US only as America - America is not only USA) market to, please, review your tricks. Create new ones. Create new ways to tell a story. Create new alternatives, new strategies. It is worthless doing a relaunch or reboot if they're gonna make the same mistakes.

... but do not accept foreigners in their business, as writers
from another countries whose native language is not English,
which could contribute with new visions. 
Years ago, DC was the leader of comic book market. Its heroes were like Gods, mythological figures above ordinary human beings and their adventures used to impress readers. Then Marvel came, with a new and fantastic approach: bring heroes closer to readers. Now they could feel like they could also be super heroes after meeting Peter Parker, Donald Blake, Matt Murdock, and others.

And the comic book world was never the same.

I do believe that the comic book market currently needs another event of similar to the birth of Marvel in the 60’s. And I believe this can happen again if we can find new concepts. Writers, try to understand our world today. It is unnecessary to say that it has changed a lot. But only super heroes remain the same. And, unfortunately, this is killing them faster than Anti-monitor anti-matter wave.

The wheel was created with Superman in 1938. The wheel was reinvented with the rise of Marvel in 1962. We need to reinvent it again.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

QUAL É O PROBLEMA COM ROTEIRISTAS DE HQS NO BRASIL?

Sem os artistas trabalhando, os nossos
roteiristas não tem como praticar e
assim, melhorar.
Um dos grandes mistérios entre leitores e profissionais de HQs é esse. Por que é assim por aqui? E... é só culpa da falta de roteiristas mesmo?
Vamos lá, vamos tentar responder.
:: TUDO É UMA QUESTÃO DE PORCENTAGEM...
Primeiro, vamos pegar uma questão técnica. Quem lê - qualquer coisa - aqui no Brasil? Quanto é a porcentagem da população leitora no Brasil? Olhe qualquer estatística do hábito de leitura no Brasil e verá que é uma porcentagem muito pequena, se comparado com o número total de brasileiros, com pouca variação. Agora imagine esse total de pessoas que gostam de ler. Pegue uma porcentagem ainda menor em cima deles representando aqueles que gostariam de se tornar roteiristas e/ou escritores de alguma forma. Em cima dessa galerinha, pegue uma porcentagem menor ainda representando aqueles que realmente vão atrás de um curso de roteiro ou curso literário. Desse novo e cada vez mais diminuto pessoal, pegue uma nova porcentagem representando aqueles que realmente levam a carreira a sério depois de um curso. Desses, pegue uma nova porcentagem - note que tá cada vez menor - que representa aqueles que querem fazer HQs (afinal, tem gente que quer fazer outras coisas, como cinema, TV, teatro, etc). Agora desse povo, pegue uma porcentagem menor ainda que consegue ser bom no que faz.
Sentiu o drama?
Desenhar todo mundo tenta ao menos uma vez. É legal, chama a atenção, todos os ilustradores trocam figurinhas sobre técnica x, y, z. Escrever? Pfff...
Agora tenha na sua cabeça a situação sinistra e bagunçada da editoração de HQs em nossa querida terra tupiniquim. E por que isso acontece? Falta de comunicação. Numa área que é de, pasmem, comunicação.
Falta de comunicação entre todas as variáveis da equação: roteiristas, desenhistas, editores, leitores... todo mundo. Como é mais fácil falar mal de alguém do que dia após dia fazer o possível para, a cada passo, mudar o mercado editorial, então falamos mal de Deus e o mundo. Nasce um milhão de trolls para cada gênio nesse meio. No final das contas, a culpa é de todo mundo.
E o que seria essa falta de comunicação?
:: O QUE A FALTA DE UM MODELO DE APRESENTAÇÃO DE PROJETO FAZ...
Tenho uma idéia de por onde começar. Que tal uma conversa franca entre todas as partes da equação citadas acima a fim de criar um padrão de apresentação de projetos? Nos EUA isso é primordial para que qualquer história - seja cinema, séries de TV, quadrinhos, o que for - seja aceita por um produtor/editor. Isso chama-se pitch.
Colocarei um exemplo de pitch na minha próxima postagem, caso queira ler. Aliás, é legal que leia, porque vendo suas características, você perceberia de maneira óbvia porque editores e quadrinistas precisam adotar esse sistema de avaliação de projetos.
Agora, perguntas aos editores:
Quantos de vocês receberam propostas através assim? Não reparem (sarcasmo mode on) no caráter retórico da pergunta (sarcasmo mode off).
E quantos de vocês gostariam de receber propostas de série assim?
(acho que não preciso ser sarcástico de novo)
Agora, pergunta aos quadrinhistas aspirantes:
Quantos de vocês fizeram um pitch perfeitinho e apresentaram aos editores? E sim, exatamente como explicarei no próximo post. O pitch deve ser rápido, sucinto e sem faltar nenhum dos itens citados ou burlado qualquer uma das regras mostradas. Sem “jeitinho brasileiro”, por favor. Só contará pontos contra você.
Pergunto de novo: quantos de vocês apresentaram um pitch nível profissional para os editores? Mais uma vez, sinto que a pergunta pode ser retórica.
O pitch funcionaria no Brasil? Quem pode dizer são os editores. Se não funcionar, por favor, editores, não seria a hora de sentar e criarem um padrão de apresentação de propostas e divulgar a Deus e o mundo para que os aspirantes a quadrinhistas comecem a ter mais profissionalismo?
Por que artistas e editores precisam agir assim...
:: INIMIGOS QUANDO DEVERIAM SER AMIGOS/ALIADOS...
E tem isso também: editor acha que quadrinhista brasileiro não é nem um pouco profissional. Quadrinhista brasileiro acha que editor é tudo um bando de gente gananciosa e elitista.
Não é por aí, gente. Enquanto - mais uma vez - uns acusarem outros, nunca sairemos do lugar. Que tal todos numa mesa, cada um ouvindo a outra parte e todos chegando a um consenso? Que tal os quadrinhistas sentarem com os editores e todos chegarem a um processo de como fazer? Panini, Conrad, Gal, JBC, New Pop, não importa. O que importa é que todos estejam no mesmo lugar, conversando. E diante dos quadrinhistas. Nada de leitores. Quadrinhistas. São os caras que produzem, certo? Então eles apenas. Como naqueles eventos onde fabricantes de brinquedos apresentam idéias apenas para empresários. Mostrem a estrada dos tijolos amarelos. Ajudem os quadrinhistas a apresentar seus projetos. E depois de ajudar, olha só, melhor pra vocês, que se os quadrinhistas não seguirem as normais, não terão do que reclamar. E quadrinhistas, se depois dos editores mostrarem claramente a vocês como é, não adianta reclamar deles também.
Ok, lance da falta de comunicação explicado. E o que vem agora? Vem a parte do estudo.
Como são os cursos de roteiro no Brasil?
:: PREPARAÇÃO TÉCNICA: AINDA DEFICIENTE NO BRASIL
A maior parte deles, em números esmagadores, foca em vídeo ou literatura. Ou é curso para cinema ou para escrever livros. Assim fica complicado.
Um curso voltado apenas para cinema ensinará o aluno a escrever apenas para cinema e como entrar apenas nessa indústria. Ser roteirista é mais do que lidar com apenas uma mídia. É uma necessidade conhecer técnicas de mais de uma mídia.
Se você é um cara que quer porque quer ser roteirista de teatro, tentar entrar só nesse meio de forma obsessiva é um erro monstruoso. Quando aparecer a oportunidade, faça um trabalho para TV. Não é o que quer? Não importa, faça. Apareceu oportunidade para escrever para videogames? Faça. Ainda não é o que quer? Apenas faça.
Roteirizar para outras mídias traz, entre outros benefícios, duas vantagens principais. A primeira é que você irá adquirir experiência. Você terá tempo de trabalho como roteirista, o que conta muito aos olhos dos editores. A segunda é que trabalhando para outras mídias, seu nome irá circular entre produtores e editores, fazendo aparecer convites para outros serviços até que, olha só, apareceu um para quadrinhos!
... quando poderiam agir assim?
Dessa maneira, quanto mais completo o curso, melhor.
Outro erro das pessoas em geral é pensar que roteiristas apenas... escrevem. Não, não é por aí. Quando você se torna um roteirista, você pode:
- Ser o roteirista principal, escrevendo filmes, séries, novelas, minisséries, desenhos animados, peças de teatro, livros, programas de auditório, histórias em quadrinhos, cursos de e-learning, videogames, entre diversas outras mídias.
- Ser roteirista de uma produtora de vídeos publicitários e/ou institucionais, seja em caráter fixo ou como freelancer. A maior parte dos roteiristas brasileiros estão nessa categoria.
- Auxiliar de roteirista: você é um roteirista novato e faz parte de uma equipe que tem outros roteirista que trabalham para um roteirista mais experiente e gabaritado. Novelas fazem muito uso disso.
- Ghost Writer: você trabalha para algum roteirista de forma semelhante à descrita acima, mas sem equipe. Você o ajuda naquilo que ele está escrevendo no momento e boa parte do que entra na história a autoria é sua, mas você nunca receberá os créditos. Ou alguém que não sabe escrever e só tem “idéias legais” contrata você para colocá-las em ordem, tornar as tais idéias um roteiro. Mas mais uma vez os créditos são dessa pessoa. Os roteiristas profissionais são divididos quanto à essa prática por uma série de questões morais e profissionais.
- Parecer e análise: análise crítica de um roteiro. Uma produtora de cinema e/ou vídeo contrata você para ler um roteiro escrito por outro roteirista para que você o analise, retornando com suas opiniões, escrevendo um documento dizendo o que está bom e o que está ruim e precisa ser mexido. Ás vezes para nisso e às vezes você também pega o roteiro que tem defeitos e/ou está mal escrito e escreve um documento dando sugestões de como melhorá-lo. Tudo depende do acordo que fizer com seu cliente.
- Reescritura: você simplesmente reescreve um roteiro de outra pessoa do zero, mantendo as linhas básicas de história.
- Revisão técnica: o roteirista irá procurar e consertar formatação e termos de roteiro que estejam errados de acordo com o padrão de cinema e TV.
Isso tudo, entre vários outros serviços que roteiristas profissionais prestam. Tem gente pra todo esse serviço? Tem. Então temos roteiristas? Temos. O problema é que a maioria não quer fazer quadrinhos. Não dá dinheiro. Ou não tem interesse, pois não é fã, não é leitor, não gosta.
O que nos faz voltar para aquela porcentagem mirrada do começo que quer ser roteirista de quadrinhos.
Caras como esse aí de cima poderiam publicar projetos aqui se não fosse o medo das editoras. E com ele, roteiristas apareceriam. Mas ao invés disso...
:: VOCÊ JÁ É ROTEIRISTA E QUER FAZER QUADRINHOS
Agora, vamos dizer que você fez cursos. Começou a trabalhar em outras mídias, mas você quer fazer HQs. Chega um momento que você se sente experiente e começa a bolar uma série. Faz parceria com artistas para cobrir desenhos, arte-final, etc. Montam o pitch do jeitinho explicado no próximo post. E não dá certo. O que houve?
De duas, uma.
1 - Ou você escreveu um texto ruim e/ou os desenhos é que estão ruins.
... as ideias acabam parando aí em cima...
2 - Ou você estragou tudo na conversa com o editor.
Reveja o texto. Não tem nada de errado? Está bem escrito gramaticalmente? Está comercial? Tem profundidade? Os desenhos estão excelentes? Então é a segunda opção.
E como rola o contato com o editor? O pitch foi entregue, o editor curtiu e te chamou para uma reunião. Beleza. Como fazer pra não cometer o item dois lá de cima?
Primeiro, transmita segurança. Se você não tem confiança nem certeza na história que tem, como quer que o editor confie em você?
Quando o editor lhe fizer perguntas, tenha respostas curtas. Se consegue sintetizar os detalhes de sua história, o editor sabe que você pode colocar bastante informação em uma página utilizando o mínimo de texto.
Outra: agir com naturalidade é um dos grandes segredos. Não pareça um vendedor. Ok, o que está fazendo é mesmo vender seu peixe, mas não fique parecendo um daqueles caras que batem de porta em porta vendendo enciclopédias.
Duas coisas principais são foco no que o editor quer. E o que ele quer? Tirar quaisquer dúvidas sobre seu projeto, ou seja, conseguir mais informações e, o relacionamento profissional. Como assim, “relacionamento profissional”. Ele quer te conhecer, simples assim. Quer saber se você é um mala ou seja é alguém fácil para trabalhar junto. A maior parte das informações do projeto ele já tem e o que não tem, pergunta na hora. Desse modo, o mais importante é você. Se você é mala, você pode ter o novo Watchmen, ele não vai pegar.
Outro detalhe importante é que cada pessoa tem um jeito, então seja flexível. Não empurre o conteúdo do seu pitch goela abaixo. Não precisa contar seguindo uma “linha temporal” como nos livros de História. Vá adaptando o conteúdo do seu pitch conforme a conversa com o editor se desenrola.
... ao invés de dar a chance de bons roteiristas surgirem...
Geralmente os novatos não imaginam, mas o pitch é um processo seletivo. A idéia é legal, mas tem muitos erros gramaticais e/ou de digitação? Reprovado. O texto está perfeito, mas a idéia é bem fraca? Reprovado. Se os dois estiverem bons, uma reunião é marcada.
O pitch tá perfeito, mas você é um mala? Reprovado. O pitch tá perfeito, você é bacana, mas não se ajeita com a política editorial do cara? Reprovado.
Mais uma vez, um bom curso ensinará tudo isso e muito mais. Fora que, como salientei, é preciso ter um tiquinho de experiência em outras mídias para antes pular para mais uma.
Vê que é preciso muito mais do que apenas pensar “Eu quero fazer uma HQ”? Tem noção da porcentagem de chance de termos roteiristas de HQs baseado no hábito de leitura brasileiro? Não adianta o “quero porque quero” e, sem estudar, querendo pular etapas, sair escrevendo. Nesse ramo não funciona assim.
:: FAÇAM AS PAZES, EDITORES E QUADRINHISTAS, PELO AMOR DO SANTO STAN LEE
Você criou uma série bacana. O pitch tá legal. A reunião foi supimpa. Você irá publicar. Mas aí, depois de acabar esse trabalho, começa tudo de novo. E ter publicado uma vez não é garantia de conseguir algo mais facilmente. Por que?
Caímos mais uma vez - criando um maldito círculo vicioso - no lance de que editorialmente, aqui é tudo uma bagunça. Um mercado bom, nos moldes como o do americano, do japonês ou do europeu, não nascerá apenas com o surgimento de uma HQ revolucionária, daquelas que jamais vimos antes. Será apenas uma andorinha.
Além da tal HQ revolucionária, volto na questão da comunicação. Editores e quadrinhistas tem que ser amigos. Todos só tem a ganhar.
Tem que haver uma padronização e uma comunicação forte sobre como publicar, como apresentar projetos. Já pensou como seriam os TCCs se não houvesse todo aquele manual de redação exigido pelas faculdades? Não temos uma ABNT dos quadrinhos ou algo assim. Enquanto cada elemento da equação não se mexer - e é preciso que todos se mexam, não só alguns - não irá melhorar para ninguém. O mercado continuará o mesmo.
É preciso que o mercado seja visto e encarado de forma profissional por todas as partes. Se as partes não agirem profissionalmente e através de alianças, o mercado não surge.
:: EU POSSO SER UM ROTEIRISTA?
Alguns podem achar besteira, tem todo o direito de discordar do que eu vou falar agora. Porém, escrever é como o vinho, melhora com o tempo. Então eu acredito que quanto antes você começar a praticar, melhor.
Você tem 14, 15 anos e quer ser roteirista? Aproveite.
Sim, aproveite. Você é novo. Faça cursos. Monte peças na escola para testar suas teorias e aprendizado. Entre em contato com companhias locais de teatro amador e se apresente, mostre algo que escreveu. Encene alguma coisa. Ou escreva contos e poste na internet. Vá lapidando o que aprendeu nos cursos. Dominou? Então escreva um livro. Ou dois. Ou três. Participe de fanzines para praticar. Vá em universidades que tenham curso de Cinema, Publicidade, Rádio e TV e se apresente aos alunos. Eles precisam fazer vários trabalhos para o curso e nem todo mundo num curso desse tem jeito para a escrita. Faça algo com eles, diga que escreve alguma coisa para que eles ponham em prática o que estão aprendendo sobre direção e outros segredos das filmagens. Mesmo que nada vire, nada seja publicado ou produzido, você está praticando. Escrever é como vinho, melhora com o tempo. Chegará um momento, conforme os anos passarem, que você já terá prática suficiente e terá dominado todas as técnicas de roteiro. E com experiência, fica mais fácil um editor olhar para você.
Você tem 27, 28 anos e quer ser roteirista? É, nunca é tarde pra começar, mas é melhor correr.
Após fazer cursos e ouça atentamente o que seu professor tem a dizer sobre como conseguir uma sombrinha ao sol. Alguns dos itens descritos acima para os mais novos não estão descartados, mas como você não tem tanto tempo quanto alguém de 14, 15 anos, veja que estratégia pode traçar para fazer alguma coisa e ainda assim casar perfeitamente com sua agenda atual. Tenha metas. Vá em eventos de cinema, eventos literários, se apresente, dê as caras a bater.
Vamos dizer agora que não importa sua idade. Você fez tudo que tinha que fazer para praticar, pegar experiência, ter seu nome rodando no mercado de alguma maneira e afins. E tudo o que quis fazer é escrever HQs. Você esbarrará num problema logístico. A inexistência do mercado.
(que enquanto, como disse, não houver um padrão e todos não se ajudaram, não irá surgir)
Como fazer?
Aspirantes a desenhistas, arte-finalistas e coloristas também lutam contra o tempo. Quando são novinhos, moram com os pais, tem toda a possibilidade de tentar projetos que podem não dar em nada. Eles não pagam contas ou só ajudam com uma ou outra despesa básica, se tanto; entre outras mordomias da juventude. O ruim da juventude é que a chance de ter alguém pronto para publicar - artisticamente falando - é quase nula. Geralmente um aspirante a quadrinhista está estudando desenho, sua técnica ainda está longe de ser apurada, tem muito chão pela frente.
Porém, conforme vão ficando mais velhos, começam a trabalhar e a dura rotina da combinação horário comercial + horas extras mata quase qualquer chance de um sujeito desenhar páginas assim que chegar em casa.
E conforme vão ficando mais velhos, a vida precisa ser feita. Uma namorada já quer ser noiva, que dali um tempo vira esposa e daqui a pouco surge um filho - se você já não fez antes uma criança, colocando o carro na frente dos bois, só piorando sua situação. É, fica difícil continuar tentando essa carreira.
Em ambos os casos, o que fará a diferença - uma diferença maior ainda no caso de aspirantes já velhos - é a determinação. Pura e simples determinação.
Os artistas querem isso? Os roteiristas também!
:: OS ROTEIRISTAS TAMBÉM QUEREM DINHEIRO, ARTISTAS!
Quando tem um roteirista que quer fazer algo tenta juntar uma equipe de arte, o que mais escuta é: “Vão pagar por página? Quanto?” e variantes - como se o roteirista fosse uma editora. Deixa eu contar um segredinho pros artistas: roteiristas também querem dinheiro.
Pagar por página? Filho, isso no Brasil quase não existe. Quando rola, é pouco em comparação ao mercado americano. Mesmo sendo pouco, levante as mãos para o céu, pois você é um afortunado.
Aproveitando, esqueça esse molde do mercado americano. Aqui funciona com royalties e outros acordos oferecidos pelas editoras. Quer receber nos moldes do mercado americano? Então se mexa. De graça. É isso, mesmo, de graça. É legal? Não. É justo? Também não.
Voltando, quando um roteirista que quer fazer algo tenta juntar uma equipe de arte e explica como as editoras aqui fazem, escuta algo assim (e suas variantes): “De graça? Nem ferrando! Não trabalho de graça. E tenho conta pra pagar”.
Antes de mais nada, só ele tem conta pra pagar, né? Do roteirista ao letrista, todos tem contas para pagar. Caia na real: estão todos no mesmo barco. Roteirista, arte-finalista e colorista trabalharão tão de graça quanto você. E se você é um arte-finalista, o mesmo serve pra você, que serve também para você, coloritsta. Enquanto todos - sem excessão - não se mexerem, não haverá uma HQ feita e sem HQ feita não haverá apresentação para o editor e sem apresentação para o editora, vocês não publicarão nunca.
Porém, sem parceria entre roteiristas e
artistas...
Quer fazer parte de uma equipe de arte no Brasil? É roteirista? Escreva de graça. É desenhista? Desenhe de graça. É arte-finalista? Finalize de graça. É colorista? Pinte de graça. E nem é tanto, cinco (05) páginas para o pitch já bastam. Não precisa fazer a história inteira. Só precisam juntar forças e montar um pitch. Cada um na sua especialidade.
Montou o pitch? Apresentou? Teve reunião com editor e ele bateu o martelo? Supimpa! Agora sim é a hora de falar de acordos, valores, contrato. Agora você terá o retorno do seu trabalho.
Ah, os valores ainda não agradam? Continue fazendo. Digamos que uma equipe criativa começa a fazer alguns trabalhos juntos. Um atrás do outro e vocês são dedicados, estudiosos, esforçados... mesmo que não vejam a cor do tutu. Um prêmio aqui, dois ali, os leitores apenas elogiam vocês, uma das HQs consegue ser publicada nos EUA... a coisa ta engrenando. Vai chegar uma hora que vocês terão todo o direito de pedir pagamento por página, pois sabem que seu trabalho vende muito bem e, portanto, está gerando lucros para a editora. Se uma editora tem apenas uma equipe criativa nesse nível, fica complicado apenas ela bancar o resto da editora. Agora, se a editora tem umas seis ou sete equipes assim, então dinheiro ta entrando e aí fica mais fácil pedir pagamento por página.
Os artistas tem que parar com a mania de achar que aqui funciona como o mercado americano de quadrinhos. Quadrinhos no Brasil funciona como no mercado fonográfico. O músico (ou banda) passa meses compondo letras e música. Nesses meses, tem que pagar as contas de alguma outra forma, sendo garçom, balconista, policial, faxineiro, não importa. Depois que tiver tudo fechadinho e anotado, vão para o estúdio, gastando uma boa grana com a locação e serviços do lugar para que as músicas fiquem redondinhas. Só nisso vão mais alguns meses. Agora o músico tem a despesa de se manter e ainda a despesa com o estúdio. Depois vem a gravação, distribuição e publicidade do álbum, que já vai mais grana e massa cinzenta (porque afinal, agora terá que haver alguma estratégia para que até o Papa conheça suas músicas). Oba, temos um CD pronto. Na era do mp3.
Ou seja, o músico não terá o (provável) merecido retorno com a venda de seus CDs. Nem os artistas mais famosos tem esse retorno. O retorno vem com os shows. O lucro do CD vai praticamente para as gravadoras, se você tiver o suporte de uma.
Então ele tem todo esse trabalho por meses só para ter o retorno bem depois? É, cara-pálida isso mesmo. E a indústria foi assim durante décadas até que o mp3 deu as caras e causou a revolução que continua causando. E essa indústria funcionou durante todas essas décadas, não funcionou? Artistas vendiam discos e depois CDs aos milhões, não era?
E porque você, artista de quadrinhos aspirante, todo gostosão, não pode trabalhar “de graça”? Não responda, por favor. Veja que você não estará trabalhando “de graça”. Você está criando um produto e para ter retorno com ele, o produto precisa estar pronto. O pitch é a apresentação desse produto. E um pitch não surge “do nada”. Roteirista tem que trabalhar, assim como desenhista e todos os outros.
... um mercado forte nunca irá surgir.
Só deixando de lado essa visão egoísta de “trabalhar de graça” e, efetivamente colocando a mão na massa é que cada vez mais projetos surgirão, aumentando as chances de mais trabalhos serem publicados e, com mais trabalhos sendo publicados, o mercado vai se fortalecendo até que possa surgir algo nos moldes do tão sonhado mercado americano. Em outras palavras, até que as equipes criativas façam os editores abrirem as pernas. E editores, sei que é isso que querem, afinal, estariam ganhando uma boa grana.
Agora, se alguém aí acha que algo assim surgirá do nada, através de apenas uma série ou com o trabalho de uma equipe criativa apenas, é melhor acordar, meu caro Nemo.
Só a união de roteiristas, artistas e editores fará com que nossos roteristas possam praticar e assim melhorarem. Só a união fará um mercado forte surgir. Só a união fará com que as HQs vendam a ponto de criadores ganharem por página. Durante quanto tempo os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá fizeram quadrinhos sem ganhar nada? Eles foram fazendo uma atrás da outra, praticando, melhorando, mostrando ao mundo o trabalho deles. Eles passaram anos plantando. Até que colheram. "Só" estão ganhando Eisner Awards, o Oscar dos quadrinhos, um atrás do outro.
E por favor, pare de reclamar. O tempo gasto reclamando, seja ao vivo ou na internet, você poderia estar escrevendo. Ou desenhando. Ou arte-finalizando. Ou colorindo.

HQ: CRÍTICA DE ACTION COMICS #1


Já digitei e redigitei frases para começar essa crítica e isso me faz confessar que não sei por onde começar. O fato é que não fui completamente fisgado pela história de Action Comics #1, com roteiro de Grant Morrison e desenhos de Rags Morales.

A apresentação mostra de cara um Superman mais próximo do original, ou seja, aquele cara que era bruto e que tinha como alvo qualquer coisa errada e não só ameaças alienígenas ou déspotas cósmicos. Ele age contra qualquer injustiça social e de modo curto e grosso. Ele escolhe de cara o homem mais poderoso de Metropolis para dar o seu recado à cidade - e não é quem você está pensando - o de que se as pessoas não forem tratadas dignamente, ele fará uma visita a quem não fizer isso.

Essa maneira mais direta e explosiva de Superman agir fica interessante pra mim a partir do momento que eu penso "como seria a adaptação do Superman original para os dias de hoje?". Tirando isso, não consigo ver como pode competir com o paladino, cuja imagem foi praticamente criada com o personagem interpretado por Christopher Reeve nos cinemas e que foi reforçada por John Byrne nos anos 80. E antes que algum advogado de cronologia venha me criticar, lembre que o Superman antes da Crise nas Infinitas Terras era uma colcha de retalhos, afinal, é só lembrar das capas absurdas estreladas pelo personagem onde ele faz pouco de Lois, Jimmy e qualquer outro que estivesse ao seu redor; então não, nem sempre ele foi o grande cavaleiro em cima de um cavalo branco.

E a imagem de esperança perpretado por Reeve e Byrne e tão perfeita e forte que me faz ter dúvidas quanto ao "Superman clássico retrabalhado nos dias de hoje". Nas mãos de Grant Morrison? Ok, vou dar o crédito. E aí fica a torcida para ninguém mais botar a mão na revista enquanto ele não contar o lance de "mostrar como ele saiu do garoto caipira e virou o herói com a armadura ridícula e desnecessária". Aposto o toba (brincadeira!) de que esse Superman caipira será mais interessante do que o enlatado.

Em seguida, quando a polícia de Metropolis tenta prender o kryptoniano, somos apresentados a alguns detalhes de como ele é visto pela humanidade, como por exemplo, uma citação sobre a visão de um certo jornal metropolitano sobre ele. Morrison tenta colocar as pistas e desenvolvimento maior no meio da ação. Isso é legal, mas se feito em três, quatro, cinco edições seguidas, sem tempo de respiro para o leitor, cansa. E fico preocupado com esse detalhe porque Justice League #1 é ação (mal feita) desenfreada e aqui acontece o mesmo. Se a tendência é ter ação o tempo todo como modo de capturar a atenção da molecada, fico com o pé atrás com esse novo universo DC. Precisa haver cadência, precisa do "efeito montanha russa" onde temos momentos de tensão e momentos mais relaxantes, que são geralmente aqueles em que o leitor pega o verdadeiro desenvolvimento de histórias e personagens. Claro, ação e desenvolvimento de histórias combinam e deve ser feito, mas é uma arte dominada por poucos roteiristas e quando temos 52 revistas na linha e não temos nem um terço disso de "Grant Morissons", fica difícil aceitar.

Logo depois, vemos que o general Sam Lane trabalha em conjunto com o cientista Lex Luthor - este, no caráter de consultor - e que ambos estão tentando capturar Superman. Não vi a vilania de Luthor nessa edição. Vi alguém que tem um argumento sólido para fazer o que está fazendo - a explicação dos animais fora de seu habitat - e nada mais do que isso. Ok, ele é genial a ponto de fazer seu plano dar certo - no final da edição - mas é isso. Embora ele tenha um bom peso nesta edição, a estrela ainda é o Superman e mesmo ele ainda fico ressabiado.

Luthor consegue levar Superman até construções marcadas para demolição que são usadas como abrigo por pobres. O fato de demolirem o lugar com gente ainda dentro acho inverossímel demais. Nenhuma prefeitura permitira isso. Luthor tem tanto pode assim para usar um cenário desse sem as consequências que uma investigação jornalística pode trazer? Não parece, já que Sam Lane o ameaça de acabar a prestação de serviços se resultados não vierem logo. Luthor quis atrair a atenção do herói, obrigando-o a ficar em algum lugar para assim os tanques do exército tentarem pará-lo. Luthor sabe que não irão, então parece mais que o vilão está estudando-o do que qualquer outra coisa, vide o recurso diferente usado por um dos tanques, o que não é surpresa se vermos a sigla usada para o modelo do tanque.

Essa sequencia serve também para mostrar a real extensão dos poderes do homem de aço em seu início e também que nem todas as pessoas são contra ele.

Ao escapar dos tanques - bem machucado, diga-se de passagem, conhecemos Clark Kent, o jovem adulto que paga aluguel - e está atrasado! - de um apartamento não muito convidativo. Não pude deixar de ver Peter Parker ao invés de Clark Kent ali, o que ficou meio estranho pra mim. Não ruim, mas estranho.

Clark tem um visual desleixado, o que pode servir no lugar de Clark se fingir de atrapalhado - clássica abordagem - pois um imponente e todo poderoso super-herói não poderia ser assim na visão das pessoas comuns, principalmente de um certo careca. A única coisa que me incomoda é que na maioria das vezes ele parece uma versão crescida de Harry Potter, só faltando o raio na testa. Paranóia minha ou não, a sensação piora quando vemos Jimmy Olsen, que poderia ser muito bem um dos irmãos Weasley, o que pra mim reforça a ideia de que estão usando características subliminares para atrair a molecada.

Falando em Jimmy, o conhecemos junto com Lois Lane, filha do general Sam Lane. Os dois trabalham para o Planeta Diário, como de costume, mas Clark não. Ao colocar o alienígena de Smallville em um jornal rival, a tensão e competitividade entre os dois foi alçada a outro patamar. Isso é um recurso interessante, que permite mais conflitos entre os três personagens.

Ainda assim, não senti ainda um grande desenvolvimento com Jimmy e Lois, o que me decepcionou um pouco.

Eles dão de cara com um grande bandido no metrô de Metropolis e é uma ótima oportunidade para uma matéria, se o veículo não estivesse envolvido no plano de Luthor. Os desdobramentos dessa sequência de ação e o que Luthor faz com Superman são fantásticos, fechando a edição de forma muito bem criativa e bem feita.

Creio que ficou claro que há mais qualidades do que defeitos na história criada por Morrison e Morales, mas ela não tem cara de edição de estréia. Não tem cara de ser um início. Parece algo solto em algum lugar.

E não me venha com aquela de "ah, mas pra que ver Krypton explodindo, o foguete saindo do planeta, o foguete caindo na Terra e blá, blá, blá...". Pegue a primeira edição de "Superman - O Legado das Estrelas" e você verá uma mais do que perfeita edição de estréia sem precisar recorrer a essa sequencia cronologicamente linear. Ainda acho esse primeiro capítulo e o de John Byrne os melhores recomeços do homem de aço.

Consequentemente, se Action Comics #1 tem a missão de fazer a garotada comprar quadrinhos, não sei se a missão foi totalmente cumprida. Que faz antigos leitores voltarem a comprar, sem dúvida, mas a criança que vai aproveitar o relaunch para começar a comprar e consequentemente virar um leitor assíduo, tenho cá minhas dúvidas.

Pra mim, leitor que nunca deixou de comprar, me faz esperar mais duas ou três edições para saber do que esse "novo" Superman é feito. Action Comics #1 ainda não é o bastante pra mim.

Action Comics #1
DC Comics - Setembro de 2011
Roteiro de Grant Morrison
Desenhos de Rags Morales
Arte-final de Rick Bryant
Cores de Brad Anderson

Nota: 7,5

terça-feira, 6 de setembro de 2011

CRISE DE CRIATIVIDADE NOS QUADRINHOS



Pelo visto, a roda precisa ser reinventada...

:: UMA RARA DECLARAÇÃO HONESTA
"Relaunch". "Reboot". Talvez essas tenham sido as duas palavras mais faladas/escritas no mercado de quadrinhos nos últimos meses.

O que me fez escrever este texto foi essa declaração:

“THE TRUTH IS PEOPLE ARE LEAVING ANYWAY, THEY’RE JUST DOING IT QUIETLY, AND WE HAVE BEEN PAPERING IT OVER WITH INCREASED PRICES...WE DIDN’T WANT TO WAKE UP ONE DAY AND FIND WE HAD A BUNCH OF $20 BOOKS THAT 10,000 PEOPLE ARE BUYING.”
- Dan Didio.

O que o presidente da DC Comics disse foi: "A verdade é que as pessoas estão deixando de ler quadrinhos, deixando de ler aos poucos e tudo que temos feito é aumentar os preços das revistas... só que não queremos acordar um dia com quadrinhos custando vinte dólares que dez mil pessoas estão comprando".

Claro que as pessoas não estão lendo mais. Não há nada de novo nos quadrinhos há tantos anos que não sei mensurar. Não adianta novas séries, personagens diferentes se os mesmos truques criativos continuam a ser usados.

Olha, ele morreu...
:: ISTO É O QUE ACREDITO QUE ESTÁ ACONTECENDO
Pode me chamar de inocente, mas acredito que a queda nas vendas de quadrinhos tem menos a ver com preços, estratégias de marketing, distribuição e afins. Claro, cada um desses aspectos influencia, teu seu grau de poder destrutivo nas vendas. Porém, acredito que há algo muito, muito pior e que é sim o principal responsável pela queda de vendas.

Brincando com algumas sagas da DC e usando de um velho termo, o problema é crise de criatividade.

Em outras palavras, os recursos, truques e macetes usados nas histórias são os mesmos há 234634572342 anos. Não há inovação alguma. Os personagens continuam os mesmos e isso é a morte para uma história ficcional. Uma das coisas que é parte da base de técnicas de roteiro é o fato de que personagem precisam mudar. Ao final de uma história, eles precisam aprender algo, mudar de opinião sobre alguma coisa, desenvolver conhecimento/habilidades novas, ter o curso de sua vida alterado por algo dramático. Isso é básico para cinema, TV, literatura, o que você quiser. Não é o caso, infelizmente, dos quadrinhos de super-heróis. Vamos ver por que e quais são alguns desses truques são esses? Acredito que nos comentários, muitos leitores vão dizer o que criativamente não aguentam mais. Creio que seria quase uma utilidade pública, não é?

:: MORTE
Um herói morre. E depois revive. Outro herói morre. Também revive. Mais um herói morre e o que ele faz? Volta do além. Aí morre mais um e adivinha o que os roteiristas fazem? Você entendeu.

O recurso da ressurreição banalizou a morte nos quadrinhos. Ninguém mais se importa. Não alavanca vendas como antes. Perdeu o significado. O recurso foi usado e abusado até um nível obsceno (senão mais) e hoje os leitores riem quando um herói morre, isso quando tem alguma reação a esse acontecimento.

... mas voltou! A morte foi banalizada
nos quadrinhos. Ninguém mais acredita.
Morreu? Morreu. Simples assim. A editora se arrependeu de ter matado o herói? Que outro personagem diferente continue o legado. É por isso que o Fantasma é o melhor personagem já criado em todos os tempos. O novo Fantasma não deu certo? Mata, inutiliza ele, sei lá, mas tire ele de lá e coloque um novo na linhagem. Dê a eles um tratamento estilo Batman Beyond ou Peter Parker/Miles Morales. Um novo cujas características foram criadas após cuidadoso estudo sobre o gosto do público atual. Quem você matou foi Peter Parker, não o Homem-Aranha. Quem você matou foi Diana, não a Mulher-Maravilha. O conceito continua vivo. E com uma nova persona no lugar, pode ser atualizado e remodelado para que continue fresco, atual, novo. Enfim, que desperte a curiosidade das pessoas. Encerre a era de Tony Stark e coloque alguém novo que dê um ar fresco ao Homem-de-Ferro. Um personagem esgotou suas possibilidades? Renove-o assim e não através de retcons e reboots. Recontar a origem pela milionésima vez para colocar "elementos novos" não funciona mais.

Com um personagem novo continuando o legado de um anterior, você marca uma fase. Olha, temos a fase de Bruce Banner como Hulk. Agora é a fase do quem-quer-que-seja como Hulk. Mas o que Banner fez antes tem grande impacto na vida desse quem-quer-que-seja. O legado, o conceito vive. A história move adiante.

E isso me leva a outro tópico...

Pra que fazer isso...
:: RETCONS
Por tudo quanto é mais sagrado, o que aconteceu com Gwen Stacy permanece com Gwen Stacy. Já foi, é passado. Faça com que Peter supere de alguma forma em alguma história épica, que seja. Mas supere. Não quero vê-lo como o chorão supremo. Quero vê-lo como um herói, que supera as dificuldades com dignidade, seja elas quais forem.

Mova a história do personagem adiante, não utilize retcons. Conte coisas novas. Traga novos conceitos, novas abordagens a cada história. Faça os personagens aprenderem coisas novas. Mas aprendam e não esqueçam. Digo isso porque não consigo me lembrar da última vez que alguém usou a noção de geometria espacial que Ciclope possui e que o fazia usar seus raios óticos de forma ofensivamente impressionante.

Outro problema com retcons é que a cronologia do personagem vira uma colcha de retalhos. Isso só causa mais problemas conforme o tempo passa. É como ter 50 ovos em uma cesta que só cabe 15 e você está lá, colocando mais 70 na cesta.

O retcon também vai contra uma regra suprema dos roteiristas, a regra do K.I.S.S. - "keep it simple, stupid". Mas não, lá vai mais um retcon para acrescentar mais problemas cronológicos que outros terão que ficar arrumando depois quando deveriam contar apenas uma boa história.

... quando a última memória dos leitores com ela
poderia ser a de uma história grandiosa?
:: MEGASAGAS
Vou fazer um pedido - e imagino que muitos irão me apoiar entre as pessoas que colocarem seus olhos neste texto - por favor, banimento (quase) total das megasagas. Acaba uma megasaga, já tem outra na sequencia. E cada um dos títulos passando por uma megasaga. Tem megasaga do Batman, Homem-Aranha, Lanterna Verde, Vingadores e blá, blá, blá.

Quando várias acontecem ao mesmo tempo e uma atrás da outra, como ela pode ser grande? Como pode ser especial? Como pode ser relevante?

Nas revistas, contem histórias. Apenas histórias. Façam seus arcos de história. Contem uma história com quatro edições. Na sequência, contem outra com três. Contem outra com cinco. Só não contem com muitas partes. Um arco com muitas edições prende muito o leitor. Economicamente vantajoso mantê-lo preso por quase um ano ou mais? Desculpe, isso já não cola com os leitores.

Contem apenas uma história atrás da outra. Simples assim. Depois de uns três ou quatro anos, faça uma megasaga com aquele personagem.E outra só dali a mais alguns anos. Deixe os leitores aguardando sedentamente por isso.

E isso também me leva a outro tópico...

:: CROSSOVERS
Parem com isso. Hoje, todos os personagens estão aparecendo em todas as revistas. Pra que comprar Mulher-Maravilha se ela aparece também na revista da Liga da Justiça, Novos Titãs, em mais duas ou três revistas e ainda na megasaga do momento? Qual foi a última vez em que algum personagem teve uma fase em que as histórias giravam apenas em torno dele e de seus respectivos coadjuvantes, adicionando camadas a eles? Desenvolvendo-os? Tornando-os melhores?

Crossovers e megassagas: precisa mesmo toda hora?
Com crossovers sendo raros, os fãs esperarão ansiosamente quando eles se cruzarem. Se isso ocorrer, que ocorra por necessidade criativa e não como muleta para qualquer outra coisa.

Se um personagem menor fica popular, não dê a ele uma revista mensal. Faça justamente o contrário. Faça-o aparecer esporadicamente. Os leitores pedirão mais, comprarão mais quando ele aparecer. Agora, se todos adquiriram uma "síndrome de Wolverine", como quer que os leitores peçam mais? Um crossover deveria ser um "putaquepariu, eu quero muito ver esses dois juntos" vindo dos leitores.

Agora imaginem as megasagas onde são elas junto com crossovers. É de doer, fala sério. Quer fazer uma megasaga? Faça com uma linha de personagens. Não faça com o elenco inteiro da editora. Espere um evento realmente épico para fazer uma megasaga+crossover.

:: REALIDADES ALTERNATIVAS
Aqui, eu acho que é o cúmulo do retcon+megasaga. Há realidades alternativas bacanas? Há, mas são uma minoria asmática perto das histórias ruins feitas com essa ideia. Uma realidade alternativa tem que ser relevante de alguma forma para o personagem e não algo como um "retcon do futuro". No passado ou no futuro, o conceito de retcon falado anteriormente continua o mesmo.

À força, os americanos entraram nos portos japoneses...
As realidades alternativas também acabam com o esquema de "contar uma história após a outra" falado no tópico das megasagas.

:: OUTROS TRUQUES BATIDOS
Como disse anteriormente, esses aqui seriam apenas alguns truques que os leitores não aguentam mais e com certeza eles tem sua "lista de truques batidos". Se eu colocasse aqui todos os truques batidos da minha lista, viraria uma tese acadêmica, um livro.

Baseado no que foi descrito aqui, faço um convite a Geoff Johns, Brian Michael Bendis, Mark Millar, Scott Snyder, Kurt Busiek, Peter David e cada um dos roteiristas do mercado americano: revisem seus truques. Criem novos truques. Criem novas formas de contar histórias. Criem novas saídas, novas estratégias. Não adianta um relaunch ou um reboot se cometem os mesmos erros.

Décadas atrás, a DC liderava o mercado de quadrinhos. Seus heróis eram deuses, figuras mitológicas acima dos mundanos humanos normais e suas peripécias e aventuras encantavam e impressionavem os leitores. Aí surgiu a Marvel, com uma nova e fantástica abordagem: trazer para perto do leitor os super-heróis. Agora os leitores sentiam que eles poderiam ser super-heróis ao conhecer Peter Parker, Donald Blake, Matt Murdock e outros.

... mas não querem nenhum estrangeiro na área deles. Pode não
ser lá, mas em outros países isso se chama "hipocrisia".
E o mundo dos quadrinhos nunca mais foi o mesmo devido a esse novo conceito.

Acredito então que o mercado de quadrinhos atualmente precise de outro evento de igual importância como foi o surgimento da Marvel na década de 60. E acredito que isso só ocorrerá se novamente tivermos novos conceitos. Roteiristas, procurem entender o mundo atual. O mundo mudou muito, desnecessário dizer isso. Mas só os super-heróis continuam os mesmos. E isso, infelizmente, os está matando mais rápido que a onda de antimatéria do Antimonitor.

A roda foi criada com o Superman em 1938. Ela foi reinventada com o surgimento da Marvel em 1962. Precisamos reinventá-la uma vez mais.