sexta-feira, 16 de setembro de 2011

HQ: CRÍTICA DE ULTIMATE COMICS SPIDER-MAN #01


Prova de que as editoras podem fazer diferente
quando querem. Difícil fazer isso?

Em uma tacada corajosa, a Marvel Comics criou Miles Morales, um negro latino como o novo Homem-Aranha. Pelo menos, do Universo Ultimate. O clássico Peter Parker continua lá, intocável, no universo tradicional da editora.

Após a morte de Peter Parker do universo Ultimate, os leitores pensaram que ficariam sem a melhor versão do personagem em todos os tempos. Ledo engano, pois a Marvel foi além. A Marvel mostrou que quando quer, é capaz de inovar muitíssimo bem.

:: A HISTÓRIA
Brian Michael Bendis, roteirista e criador do personagem começa da melhor maneira possível, fazendo uma ponte entre as histórias de Peter com o que ocorrerá com Miles. A história começa tempos atrás, com Norman Osborn no comando de sua empresa, gabando-se por ter sido o responsável pela criação do Homem-Aranha. Ele pede que um dos seus cientistas recrie o procedimento que modificou a aranha que picou Peter, sem nem mesmo ter uma amostra da aranha (já que ela foi esmagada, lembra?) e como isso aconteceu. A Aranha é batizada com o número 42.

Corte.

Mostra a revelação para o mundo de que Norman é o Duende Verde e também que ele é preso e sua empresa abre falência. Um ladrão, que não sabemos se é uma versão ultimate do Deadpool ou do Gatuno vasculha por algo na sede abandonada da Oscorp. A aranha 42 entra na mochila do ladrão sem que ele perceba.

Corte.

Miles Morales é um jovem de família pobre que precisa de bons estudos. Ele e seus pais vão até um concorrido esquema de sorteio de vaga, muito comum nos EUA dependendo do nível da escola, obviamente muito alto. É aqui que ocorre a melhor sequência da história. É sensível, te pega pelo coração. Não teria maneira melhor de você simpatizar com Miles do que uma ideia como essa.

Depois de conseguir a vaga, os três voltam felizes para casa. Miles então encontra-se com um tio de moral extremamente duvidosa. E a mochila esta lá. Miles senta-se no sofá. A aranha sai e pica-o. Miles desmaia justamente quando o pai dele aparece. Pensando ter feito algo com seu filho, o pai e o tio discutem, mostrando uma disparidade muito grande entre eles. Chateado com a briga, Miles corre dali.

E então a frase "tem dias que dá vontade de sumir" ganha um novo significado.

:: A ARTE
Sarah Pichelli melhorou monstruosamente. Sua arte está mais segura, melhor detalhada sem perder a identidade. Sua noção de storytelling aprimorou-se de maneira impensável. Talvez por ela ter sido a criadora do visual, o Miles dela é bem mais bem estruturado do que seu Peter.

Aliás, qualquer personagem ali está muito bem melhor desenhado do que na passagem anterior dela pelo título. Se há alguém para comparar - já que quase todos ali são personagens inéditos - esse alguém é Norman Osborn. O vilão está muito mais crível, pra dizer o mínimo.

:: A REAÇÃO
Brian Michael Bendis provou por A + B que dá pra fazer algo diferente com personagens clássicos. Provou que é o maior roteirista mesmo da história do Aranha. Acredito que ninguém - além de Stan Lee - entenda mais do personagem do que Bendis. Ele mostrou que a ideia do legado - de manter o conceito, mas dar novos temperos - realmente funciona.

Não só Miles, mas todos os personagens ali tem carisma, sem excluir ninguém. Mesmo personagens que não soltam uma palavra - como a menina rezando pela vaga na escola - fazem você se importar. Fazer você quase estar ali, naquela Nova York fictícia, com aqueles personagens que não existem, mas que são muito reais, críveis.

Após a última página, você fica pedindo mais. Amaldiçoa a Marvel por não ter feito uma estréia com mais páginas, como foi com a primeira edição de Ultimate Spider-Man há pouco mais de dez anos atrás.

Geralmente escrevo textos mais longos, gosto de dissecar um tema de todas as maneiras, de todos os lados, mas falar mais seria mais do mesmo e provavelmente eu também entregaria mais do que já entreguei.

Seja bem-vindo, Miles Morales. ;)




Ultimate Comics Spider-Man #1 
Marvel Comics - Setembro de 2011
Roteiro de Brian Michael Bendis
Arte de Sarah Pichelli
Cores de Justin Ponsor

Nota: 9,5 (e esse meio desconto é porque não tem mais páginas, porque de resto...)

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